Opções de câmbio: teto e piso simples
Guia prático para CFOs: teto e piso em USD, diferença para NDF e collar, precificação, riscos e playbook de 90–180 dias.
Tempo de leitura: 14 min
As opções de câmbio do tipo teto (cap) e piso (floor) são estruturas simples que limitam o preço do dólar em um orçamento sem “engessar” completamente o resultado. Em importadores, o teto protege contra a alta do USD; em exportadores, o piso garante mínima de conversão. Diferente do NDF (que fixa uma taxa única), o teto/piso mantém assimetria: você é protegido no cenário ruim e participa — parcial ou integralmente — do cenário bom. Este guia mostra como montar, precificar e governar essas estruturas, os riscos operacionais, a diferença para o collar de custo zero e um playbook para implementar em 90–180 dias, com CTAs para simular o impacto na margem e nos desembolsos.
Teto (cap) é, tipicamente, a compra de uma call de USD com strike K. Se o dólar subir acima de K na data de exercício, a opção compensa a alta; se o dólar cair, você ignora a call e se beneficia do câmbio mais baixo. Já o piso (floor) é, normalmente, a compra de uma put de USD. Se o USD cair abaixo de K, você exerce a put e garante a mínima de conversão; se o dólar ficar acima do piso, você vende no mercado e melhora o preço.
O segredo é que o teto e o piso são opções compradas (long options). Assim, o risco é limitado ao prêmio pago, e o benefício pode ser significativo. Quem quer reduzir o custo do prêmio pode vender uma opção contrária e formar um collar (assunto que tocaremos mais adiante), mas aqui focamos nas estruturas simples: comprar um teto ou comprar um piso, sem perna vendida.
Regra prática: quer seguro e liberdade? Comece com teto/piso. Quer previsibilidade total e custo mínimo? Avalie NDF ou collar.
O prêmio de uma opção depende principalmente de: (i) distância entre o strike e o preço à vista (moneyness), (ii) tempo até o vencimento, (iii) volatilidade implícita e (iv) nível de juros doméstico e externo. Em português claro: quanto mais tempo e mais volátil o par BRLUSD, maior o prêmio. Strikes “na linha” (próximos ao spot) custam mais; strikes “fora do dinheiro” (bem acima para teto, bem abaixo para piso) custam menos, mas protegem apenas cenários extremos.
Escolha do strike (regra de bolso)
Spot em 5,20. A empresa compra call USD com strike 5,40 para 90 dias. Cenários: (a) se o USD vai a 5,80, a opção compensa ~0,40; o custo efetivo fica próximo a 5,40 + prêmio. (b) Se o USD cai a 5,00, ignora-se a call e a empresa compra a 5,00, absorvendo o ganho.
Spot em 5,20. A empresa compra put USD com strike 5,10 para 60 dias. (a) Se o USD cai a 4,80, a put compensa ~0,30; (b) Se o USD sobe a 5,50, a companhia vende no mercado e captura o câmbio mais alto.
Em vez de “tiros únicos”, formalize uma política de janelas com rolling trimestral, metas de 50–80% de cobertura dos fluxos firmes e faixas de strikes. Relate ao comitê: (i) cobertura vigente, (ii) prêmio acumulado, (iii) mark-to-budget e (iv) testes de estresse (BRL 4,80 / 5,40 / 6,20, por exemplo).
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O collar clássico combina comprar um teto (call para importador) e vender um piso (put) para baratear o prêmio — ou o inverso para exportador. Isso transforma um seguro “aberto” em uma faixa de resultado: você reduz (ou zera) o custo, mas também limita o upside. Como regra, comece simples: aprenda a dimensionar o strike/comprimento da proteção. Só então avalie collars, de preferência com barreiras transparentes e documentação clara de risco.
Para importadores, sincronize o cronograma de opções com janelas de fechamento de câmbio de fornecedores e entregas (Invoice/BL). Em CAPEX dolarizado, trate cada marco do contrato (entrada, milestone de obra, comissionamento) como um bucket de hedge. Para exportadores, alinhe piso às datas de liquidação dos recebíveis e às políticas de crédito a clientes (prazo/funding de repasse).
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Dependem da volatilidade e do prazo. Em janelas de vol. alta, o prêmio sobe. Mesmo assim, o custo deve ser comparado ao risco de orçamento que você elimina e ao upside preservado em relação ao NDF.
Se você valoriza liberdade total para capturar o cenário favorável, a opção simples é mais alinhada (paga-se prêmio). Se o orçamento não comporta prêmio, o collar pode ser adequado — com a consciência de que limita o upside.
PTAX é a média oficial do dia (com metodologia própria) e costuma ser a base de liquidação de derivativos; spot é o preço de tela no momento. Se sua precificação comercial usa spot, mapeie a base para evitar diferenças.
Cubra a parte firme (contratada). Para a parte provável, use percentuais progressivos ou instrumentos com liquidez para ajustar. Evite over-hedge.
Mostre o orçamento protegido e o upside preservado. Relate prêmio, taxa de ruptura (strike), impacto em margem e o comparativo com NDF.
Opções de câmbio “teto e piso” (simples): como desenhar um orçamento de dólar com previsibilidade e upside
Resumo executivo
O que são “teto” e “piso” no câmbio (versão sem economês)
Quando usar cada uma
Teto/piso simples x NDF x termo: qual a diferença?
Como o prêmio é formado (intuição de preço)
Exemplos práticos (ilustrativos)
Importador com orçamento trimestral
Exportador com recebíveis fixos
Riscos e cuidados (mesmo nas estruturas simples)
Governança: política de hedge por janelas (12–18 meses)
Teto/piso simples x collar de custo zero
Integração com o orçamento e com o CAPEX
KPIs para o comitê financeiro
Playbook de 90–180 dias
FAQ — perguntas rápidas
Opções são caras?
É melhor comprar opção ou fazer collar de custo zero?
Qual a diferença entre usar PTAX e spot?
Posso cobrir 100% da minha exposição?
Como explico o resultado das opções na diretoria?
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