Swap de dólar: para que serve

Para que serve o swap de dólar, como ele transforma indexadores, diferenças para NDF/termo, riscos de base e checklist de implementação.

Nov 8, 2025 - 08:37
Nov 8, 2025 - 09:50
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Swap de dólar: para que serve

Swap de dólar: para que serve

Tempo de leitura: 9 min

Resumo executivo

O swap de dólar é um contrato derivativo que troca indexadores entre BRL e USD ao longo do tempo. Na prática, você combina duas “pernas” (legs): uma em reais (geralmente CDI ou taxa prefixada) e outra em dólar (geralmente SOFR + spread, ou uma taxa fixa em USD). Ele serve para alinhar a base da dívida à base da receita (ALM), reduzir volatilidade de caixa e proteger covenants (DSCR, alavancagem). É diferente de NDF (que liquida por diferença na data final) e de termo de câmbio (deliverable, com entrega de moeda). O swap atua entre datas, neutralizando a “corrida” de juros e câmbio no fluxo, enquanto NDF/termo protegem a taxa em uma data.

O que é (sem economês)

No swap de dólar padrão, duas partes trocam os encargos financeiros de referências diferentes sobre um notional acordado. Exemplo típico:

  • Perna BRL: empresa paga CDI (ou uma taxa fixa em reais) sobre o notional em BRL.
  • Perna USD: empresa recebe SOFR + spread (ou taxa fixa em USD) aplicado ao notional em USD (equivalente ao BRL convertido na taxa de abertura do swap).

Os ajustes periódicos (mensais, trimestrais) são liquidados financeiramente em reais; não há entrega física de dólares. Assim, você “transforma” o perfil econômico de um passivo/ativo sem precisar tomar ou pagar moeda no dia a dia.

Quando faz sentido usar

  • ALM de exportadores: receita majoritariamente em USD e dívida em CDI/BRL. O swap CDI→USD alinha a base e estabiliza DSCR.
  • ALM de importadores: custos em USD, dívida em BRL. Um USD→CDI pode ser combinado a NDF/termo para orçamento e pagamentos.
  • Redução de base híbrida: empresa com mix CDI/IPCA/USD “descasado” usa swap para calibrar percentuais por bucket (30/90/180/360).
  • Gestão de janelas: em ciclos de Selic/CDI altos, travar parte da exposição em USD (juros menores) pode reduzir CET, desde que exista hedge natural (receitas em USD) ou proteção cambial do residual.

Swap x NDF x termo: qual a diferença?

  • Swap de dólar: troca fluxos (juros/base) entre BRL e USD durante todo o período; liquidações periódicas em BRL; excelente para transformar indexador do passivo/ativo.
  • NDF: liquidação única por diferença na data; protege a taxa de câmbio (PTAX/spot) naquele vencimento; útil para orçamento e margens sem entrega de moeda.
  • Termo de câmbio: deliverable; trava taxa para comprar/vender moeda em uma data; acopla-se a Invoice/BL em comércio exterior.

Regra prática: quer transformar a base do seu passivo/ativo no entre datas? Use swap. Quer fixar a taxa de um pagamento/recebimento? Use NDF/termo.

Como o preço é formado

O preço de um swap reflete:

  1. Curvas de juros BRL e USD (DI/Selic vs. SOFR/Treasuries), para o tenor do contrato.
  2. Basis cambial: prêmio/desconto pela conversão de fluxos entre BRL e USD.
  3. Spread da contraparte: custo de capital, risco, liquidez e operacional.

Na abertura, define-se a taxa de paridade para cada perna e a taxa de conversão do notional. As liquidações periódicas ocorrem em BRL pela diferença entre o que você tem a pagar e a receber.

Riscos e cuidados

  • Basis: sua precificação comercial usa spot ou PTAX? O swap liquida por fluxos; desvio da base pode corroer o hedge. Mapeie a base (pricing power, repasse, indexadores contratuais).
  • Liquidez e rolagem: swaps longos podem ter menos liquidez; planeje roll com antecedência.
  • Over-hedge: não cubra 100% do pipeline incerto; limite o swap a exposição firme e complete com NDF/opções.
  • Crédito de contraparte: distribua risco entre instituições e avalie garantias/CSA quando aplicável.
  • Contábil: avalie designação de hedge accounting para reduzir volatilidade no resultado (quando aplicável).

Exemplos práticos (ilustrativos)

Exportador com dívida 100% CDI

Receita 60% em USD, dívida em CDI eleva a volatilidade do DSCR. A companhia “swapa” CDI→USD em 50% do saldo por 36 meses, e usa NDF para o residual de recebíveis. Resultado: queda do CET consolidado e smoother de caixa.

Importador com orçamento em BRL

Custos relevantes em USD, vendas em BRL com repasse parcial. A tesouraria “swapa” USD→CDI no passivo em dólar e acopla termos/NDF nas compras fechadas. Resultado: previsibilidade de custo e menor risco de basis.

Passo a passo para implementar

  1. Mapeie a exposição (receitas, custos, dívidas) por moeda/indexador e prazo; identifique a parte firme (contratada) e a provável.
  2. Defina objetivos: reduzir CET? estabilizar DSCR? alinhar base com receita? Documente os KPIs de sucesso.
  3. Escolha o tenor e o mix: alinhado à duration do seu fluxo; combine com buckets 30/90/180/360 para evitar concentração em uma data.
  4. Concorrência: cote o swap com 2–3 casas, pedindo memória de preço (curvas, basis, spread).
  5. Governança: dupla aprovação, limites por contraparte, backtesting de eficácia e relatório mensal.

FAQ rápido

Swap de dólar entrega moeda?

Não. É financeiro (liquidação em BRL). Se você precisa de USD físico, use termo na data do pagamento/recebimento.

Posso combinar swap com NDF?

Sim. O swap cuida do entre datas (base do passivo/ativo); o NDF fixa a taxa pontual de um pagamento futuro.

Swap sempre reduz o custo?

Não necessariamente. Ele reduz risco e volatilidade. O custo (CET) depende de curvas, basis e spread. Compare cenários.

Checklist do CFO/tesouraria

  • Mapa de exposição por moeda/indexador e duration.
  • Objetivo do swap (CET, DSCR, ALM) e KPIs de eficácia.
  • Mix de instrumentos: swap + NDF/termo + opções por bucket.
  • Memória de preço (curvas, basis, spread) e contratos-padrão.
  • Política de limites e reporting mensal para diretoria e conselho.

Ferramentas GX para levar à prática

🌎 Simulador de Risco Cambial — buckets 30/90/180/360 💵 FX Loan — Viabilidade USD vs. BRL 💠 Aurum — CET comparativo por indexador 📊 Instrumentos de Mercado de Capitais

Nota

Conteúdo educativo; exemplos são ilustrativos e não constituem recomendação financeira, jurídica ou contábil. Avalie enquadramento regulatório e contábil (hedge accounting) com seus assessores.

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Vinicius Teixeira Vinicius Teixeira é especialista com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, atuando com foco em soluções estratégicas para câmbio, crédito estruturado e inteligência financeira para empresas. Ao longo da carreira, ajudou centenas de negócios a tomarem decisões mais inteligentes e rentáveis, sempre com uma abordagem analítica, consultiva e baseada em dados. Fundador da GX Capital, Vinicius combina sua vivência de mercado com o uso de tecnologias avançadas e inteligência artificial para oferecer uma nova geração de serviços financeiros. É também palestrante, tendo participado de eventos e formações voltadas à educação financeira e à transformação digital no setor. No portal da GX Capital, compartilha sua visão sobre o futuro do mercado, tendências econômicas e estratégias práticas para empresas que querem crescer com eficiência e segurança.