Hedge: NDF, termo, swap e opções — o que muda na prática
Diferenças práticas entre NDF, termo, swap e opções; efeitos no caixa e no P&L; e um playbook por buckets para 2026.

Tempo de leitura: 22 min
NDF, termo, swap e opções são ferramentas para transformar volatilidade cambial em previsibilidade de margem e caixa. O “melhor” instrumento depende do prazo (30/90/180/360 dias), da qualidade da exposição (firme vs. provável), do orçamento de risco (VaR/CFaR), de exigências de colateral e da contabilidade (IFRS 9). Este guia destrincha cada instrumento, compara efeitos práticos e entrega um passo a passo para sair do improviso e rodar uma política de hedge repetível.
O que é: contrato a termo de câmbio com liquidação financeira. Na data, a diferença entre o preço contratado e a taxa de referência é paga/recebida em moeda local. Vantagens: simplicidade, liquidez, prazos flexíveis, sem logística de moeda. Cuidados: marcação a mercado, eventuais chamadas de margem bilaterais em algumas instituições, e custo de carry embutido.
O que é: contrato de câmbio com entrega física da moeda no vencimento. Vantagens: casa naturalmente com faturas de importação/exportação e liquida o principal da operação. Cuidados: necessidade de documentação cambial, janelas de liquidação e eventual custo de antecipação/prorrogação.
O que é: troca de indexadores (ex.: pague CDI e receba USD ou vice-versa). Vantagens: ajusta a “base” do passivo/ativo sem alterar contrato principal; útil para FX loan e dívidas em BRL/CDI. Cuidados: marcação a mercado (MtM), chamadas de margem, documentação (ISDA/CSA local).
O que é: direito, não obrigação, de comprar/vender moeda a um preço (strike). Vantagens: proteção contra extremos com preservação de upside; excelente para orçamentos e projetos. Cuidados: prêmio pago (ou custo de estruturas “zero-cost”), theta (decadência do valor no tempo), liquidez para prazos longos.
Todo hedge tem quatro componentes práticos:
Regra de ouro: o custo “caro” de hoje pode ser o seguro barato do futuro. Julgue o hedge pelo resultado da operação + proteção, não pelo PnL isolado do derivativo.
Para evitar “montanha-russa” contábil, planeje hedge de fluxo de caixa (cash flow hedge): documente item protegido (compra/venda altamente provável), instrumento (NDF/opções), método de eficácia (prospectivo/retrospectivo) e a forma de contabilizar a ineficácia. Em swaps, atenção à hedge de valor justo quando a dor for o índice do passivo. Sem documentação, a marcação do derivativo irá direto ao resultado, muitas vezes descolada da operação real.
Dor: alta do dólar corrói margem; repasse parcial e defasado. Estratégia: NDF mensal para 30/90 dias; colares em 180/360 para criar teto; termo deliverable onde houver fatura; swaps se houver dívida CDI a “dolarizar”. Gatilhos: banda do orçamento (+/−3%); eventos (Copom, payroll) elevam cobertura temporariamente.
Dor: dólar baixo reduz receita BRL; integridade de caixa precisa previsibilidade. Estratégia: venda de USD por NDF 30/90; ACC/ACE para suavizar caixa; opções de venda (puts) 180/360 com ou sem financiamento; carry positivo ajuda a reduzir custo.
Dor: desalinhamento de bases. Estratégia: swap CDI→USD para parte da dívida; NDFs de venda de USD casados com recebíveis; buffer de caixa em USD para 60 dias de folha e Opex crítico; opções para faixas de orçamento.
Empresa compra USD 1,5 milhão por mês; orçamento a 5,20. NDF a 3 meses sai a 5,28. Se o spot for 5,50 no vencimento, o NDF devolve 0,22 por dólar e a compra efetiva fica próxima a 5,28 (menos custos). Sem hedge, a margem cairia 4,2% no trimestre.
Exportador quer BRL por tonelada entre 5,00 e 5,60. Compra put 5,00 e vende call 5,60, prêmio líquido próximo de zero. Se o dólar afundar a 4,80, a put garante 5,00; se subir a 5,90, a call limita a 5,60 (perde upside, ganha previsibilidade).
Dívida de BRL 100 mi a CDI + 1,5% a.a.; receita USD estável. Swap transforma parte (BRL 50 mi) em obrigação “atrelada ao USD” (pague USD, receba CDI). Resultado: menor basis risk e ALM mais alinhado, com MtM gerenciável.
▶ Simular NDF/termo/opções por bucket (perda marginal)
Não. NDF liquida a diferença em BRL (sem entrega de moeda); termo deliverable entrega USD/EUR no vencimento.
O prêmio é o preço da assimetria (teto/piso). Em cenários de alta incerteza, a proteção “cara” pode salvar margem e covenants. Estruturas “zero-cost” trocam prêmio por abrir mão de parte do upside.
Resolve base (indexador) de passivo/ativo. Para travar preço de compra/venda, NDF/termo seguem essenciais.
Não é obrigatório, mas reduz volatilidade contábil. Se previsibilidade de P&L importa, vale implementar.
O que encaixa no objetivo, no prazo, no caixa e na governança da empresa. Muitas vezes, é um mix.
NDF, termo, swap e opções são peças de um mesmo quebra-cabeça: previsibilidade. O mix adequado por bucket, com metas de cobertura, gatilhos e integração a compras/comercial/finanças, reduz variância de margem, estabiliza o CET do funding e aumenta a confiança de credores e investidores. Em 2026, quem profissionalizar o hedge vai competir por preço e prazo — e não por sorte.
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Hedge: NDF, termo, swap e opções — o que muda na prática
Resumo executivo: hedge é engenharia de previsibilidade, não aposta
Mapa rápido dos instrumentos
NDF (Non-Deliverable Forward)
Termo (deliverable)
Swap de moedas/índices
Opções (vanilla e estruturas)
Preço, carry, rolldown e impacto no caixa
Quando usar cada instrumento (decisões em linguagem de negócio)
NDF
Termo deliverable
Swap
Opções
Contabilidade (IFRS 9) sem sofrimento
Liquidez, garantias e risco de contraparte
Checklist operacional: do pedido ao contrato
Comparativo lado a lado (o que realmente muda)
Instrumento
Liquidação
Colateral
Preserva upside?
Melhor uso
NDF
Financeira (BRL)
Normalmente via limite bancário
Não
Curto/médio prazo sem entrega de moeda
Termo deliverable
Física (USD/EUR)
Limite + docs
Não
Fatura com liquidação de principal
Swap
Financeira (indexadores)
Pode ter margem
Não
Trocar base de dívida/ativo
Opções
Financeira ou física
Prêmio/colateral conforme estrutura
Sim (parcial/total)
Faixa de orçamento e extremos
Tradução por perfil: importador, exportador e empresa “mista”
Importador líquido (USD passivo)
Exportador líquido (USD ativo)
Empresa mista (receitas USD, custos BRL, dívida CDI)
Casos sintéticos (com números redondos para enxergar o efeito)
Caso 1 — NDF para importador
Caso 2 — Colar (opções) para exportador
Caso 3 — Swap CDI↔USD para dívida
Playbook 30/90/180/360: da política à execução
Em 30 dias
Em 90 dias
Em 180 dias
Em 360 dias
Erros comuns e antídotos em uma linha
FAQ rápido
NDF e termo são a mesma coisa?
Opções são sempre caras?
Swap resolve tudo?
Preciso de hedge accounting?
Qual é o “melhor” instrumento?
Conclusão: o mix certo compra tempo — e tempo compra valor
Qual é a Sua Reação?






