Varejo: câmbio e preço de importados — como proteger margem sem perder conversão
Passo a passo para precificação, pass-through e hedge no varejo de importados. Bases contratuais, buckets, curva de estoques, funding e playbook de 90–180 dias.
No varejo de bens importados (eletrônicos, moda premium, utilidades, autopeças, brinquedos), o USD/BRL conversa diretamente com preço, margem e conversão. O dólar mexe no custo de aquisição (FOB/CIF), frete internacional, impostos e, por tabela, no preço de gôndola. O dilema: repasse rápido protege a margem, mas pode derrubar volume; repasse lento preserva conversão, mas corrói EBITDA. Este guia mostra como construir uma política de preço e hedge que reduz o desvio do orçamento sem “apostar” no câmbio: bases contratuais (PTAX x spot), buckets de cobertura, curva de estoques, negociação com fornecedores, funding de giro e KPIs para o comitê. Incluímos um playbook de 90–180 dias e CTAs para simular risco cambial, comparar linhas BNDES e instrumentos de mercado.
O preço final de um item importado nasce de um conjunto de etapas: preço do fornecedor em USD (FOB), frete e seguro (CIF), câmbio de conversão (spot/PTAX), tributos (II, IPI, PIS/Cofins-Importação, ICMS), despacho, armazenagem e logística interna. O varejo ainda adiciona mark-up para cobrir despesas operacionais e margem-alvo. Qualquer variação do USD/BRL entre o pedido e a chegada (lead time) pode abrir um buraco de margem se não houver trava de câmbio, cláusulas de reajuste ou estoque de transição planejado.
Três “pontos de câmbio” costumam aparecer no processo:
Sem padronização de base (PTAX de D-1? média do dia? spot da janela?) e sem hedge aderente a cada marco, a operação fica dependente de “torcer” pelo dólar certo.
Nem todo repasse de câmbio vira aumento de preço imediato. A elasticidade da demanda varia por categoria e ticket:
O segredo é ligar o pricing ao estoque: quanto do estoque está “pago no câmbio velho” e quanto chega no “câmbio novo”? Com uma curva de estoques bem medida, é possível fazer escada de reajustes preservando margem e conversão.
O objetivo do hedge no varejo não é “acertar o dólar”, e sim reduzir o desvio do orçamento entre pedido e venda. Três ferramentas resolvem 90% dos casos:
🌎 Simular risco cambial — perda marginal 💵 FX Loan — viabilidade USD vs. BRL
Uma planilha de precificação robusta considera:
Duas práticas que funcionam:
Oscilações do câmbio e do frete internacional alongam prazos e incham estoques. Girar isso em CDI+ curto pode explodir o CET. Boas alternativas:
🏛️ Simular Linhas BNDES — prazos, taxas e carência 📊 Instrumentos de Mercado de Capitais 💳 Custo de Antecipação de Recebíveis
Problema: dólar sobe no meio do trimestre; estoque velho acaba. Solução: NDF por buckets de embarque; teto (call) para 40–60% dos próximos pedidos; escada de reajuste ligada à curva de estoques; financiamento de giro com amortização bimestral.
Problema: lead time longo e janela de lançamento fixa. Solução: travar câmbio no pedido; cláusula de ajuste com fornecedor acima de banda; combinar piso para campanhas de preço agressivas sem destruir margem.
Problema: variação cambial em reposição e kits. Solução: padronizar base; buckets mensais; bundles com itens de margem maior; CRI/NP para alongar prazo de giro no pico de importação.
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Não. Cubra o firme (pedidos confirmados) e uma fração do provável. Use buckets para evitar concentração e preserve opcionalidade com opções onde fizer sentido.
O que importa é coerência. Se o fornecedor usa PTAX D-1, cubra por PTAX D-1. Se a liquidação é por spot, alinhe o hedge ao spot da janela de pagamento.
Ajuda a suavizar a volatilidade, desde que a base de compra e o hedge sigam a mesma regra. Caso contrário, cria-se risco de base.
Elas têm prêmio, mas compram segurança com upside. Compare o prêmio com o custo de perder margem/volume ou de estourar covenants. Em alguns casos, collars reduzem o prêmio.
Use mark-to-budget. Hedge “bom” reduz o desvio do orçamento, mesmo que o P&L do derivativo isolado seja negativo.
Varejo: câmbio e preço de importados — como proteger margem sem perder conversão
Resumo executivo
Como o câmbio forma o custo do importado (sem economês)
Repasse, conversão e “elasticidade” do cliente
Checklist de base contratual (para parar de “vazar” margem)
Hedge: NDF/termo, opções e “entre datas”
Formação de preço: da planilha à gôndola
Funding de capital de giro: prazo certo, indexador certo
KPIs para o comitê (proteção ≠ aposta)
Armadilhas que corroem margem (e como escapar)
Exemplos práticos (ilustrativos)
Electro (ticket alto e concorrência on-line)
Moda premium (coleção sazonal)
Autopeças (mix de SKU e elasticidade média)
Playbook de 90–180 dias (do pedido ao pós-venda)
FAQ — perguntas rápidas
Devo sempre travar 100% do câmbio?
PTAX ou spot: qual usar?
Vale precificar pela “média do mês”?
Opções não são “caras”?
Como explicar ao conselho se o derivativo teve prejuízo?
Qual é a Sua Reação?
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