Como ler a curva DI em 5 minutos: front, belly e long-end sem economês
Aprenda a interpretar a curva DI e usar front, belly e long-end para preço, hedge e funding — com playbook prático e simuladores da GX Capital.
Tempo de leitura: 18 min
A curva DI é o “mapa” do preço do dinheiro no Brasil. Em um único gráfico, o mercado embute expectativas para Selic, inflação e prêmios de risco em diferentes prazos. Lendo três trechos — front (ponta curta), belly (meio) e long-end (ponta longa) — você antecipa custo de capital, decide quando alongar dívida, planeja reajustes e dimensiona hedge. Este guia transforma a curva em decisões práticas para CFOs, controllers, founders e gestores de tesouraria, sem jargões e com exemplos “pé no chão”.
DI é o contrato futuro de Depósitos Interfinanceiros negociado na B3. Cada vencimento (p.ex., Jan/26, Jan/27, Jan/29) representa a taxa média anualizada do CDI que o mercado espera entre hoje e aquela data. Se o mercado acha que a Selic vai cair/subir, o preço dos DIs ajusta na hora. Por isso, a curva DI é a melhor fotografia pública, contínua e negociável da expectativa de juros no Brasil.
Convém separar a curva em três blocos: front (0 a 12 meses), mais colado às próximas decisões do Copom e à inflação corrente; belly (aprox. 18 a 48 meses), onde o mercado discute a “taxa terminal” do ciclo; e long-end (5 a 10+ anos), onde moram os prêmios estruturais (fiscal, institucional, produtividade, risco externo). Essa divisão não é rígida, mas funciona bem para decisões do dia a dia.
O que embute: surpresas de inflação (combustíveis, serviços), decisões imediatas do Copom, sensação de atividade, câmbio/commodities. Como usar: (i) renegociar capital de giro atrelado a % do CDI e notas promissórias/LC curtas; (ii) ajustar timing de prefixar parte do giro quando o front fecha; (iii) calibrar reajustes táticos de preços (frete, contratos com bandas) se o front abre por choques de custo.
Sinal prático: front fechando após Copom mais “dovish” — oportunidade para rolar dívidas caras e antecipar captações curtas; front abrindo por choque de combustível — preparar repasses seletivos e reforçar hedge cambial/commodities.
O que embute: a visão do mercado sobre o juro “de equilíbrio” após o ciclo de alta/queda. Como usar: (i) escolher entre CDI vs. IPCA+ vs. prefixado para dívidas de 2–4 anos; (ii) desenhar carências e amortizações que “conversem” com o ramp-up do projeto; (iii) avaliar carry/rolldown: se o belly está alto, pode valer carregar curto e “descer a curva” — ou travar caso o risco de rotação adversa seja alto.
Sinal prático: belly “alto” com curto/longos estáveis — incerteza concentrada em 24–36 meses. Estratégia “barbell”: travar um pouco no curto (prefixado) e um pouco no longo (IPCA+), mantendo flexibilidade no miolo.
O que embute: risco fiscal, trajetória de dívida pública, produtividade, reformas, “prêmio Brasil” e risco global. Como usar: (i) referência para debêntures longas e project finance; (ii) desconto de fluxos (WACC) e decisões de go/no go em investimentos estruturais; (iii) ancoragem de passivos com duration compatível ao ativo.
Sinal prático: se o long-end fecha, abra janela para alongar; se “empaca” apesar de dados melhores, trabalhe governança, garantias e qualidade de informação para merecer spread menor quando o mercado reabrir.
Carry é a remuneração implícita de “carregar” a posição se nada mudar; rolldown é o ganho/perda por “escorregar” de um vértice para outro ao longo do tempo. Exemplo: se DI Jan/28 = 10,6% e DI Jan/27 = 10,0%, ao avançar um ano, seu custo “natural” tende a cair 60 bps se a curva não se mexer. Empresas ignoram esse efeito e rolam dívidas em janelas ruins. Tenha um quadro simples com 3–4 vértices e a aritmética de carry/rolldown para embasar decisões de rolagem e travas.
Front abrindo por combustíveis? Eleve temporariamente o preço onde houver elasticidade e use contratos com bandas e gatilhos para repasse automático. Para importadores/exportadores, simule choque de câmbio + juros no Simulador de Risco Cambial / Perda Marginal e ajuste coberturas.
Front fechando e belly estável? Hora de rolar giro e reduzir spread. Flattener no longo? Avalie alongar passivos com IPCA+ (se a receita for inflacionada) ou emissões incentivadas. Compare CETs e prazos no Aurum – Simulador de Custo de Capital e teste rotas no Simulador de Mercado de Capitais.
Long-end fechando reduz WACC: projetos “na margem” podem virar go. Monte análises de sensibilidade do fluxo ao movimento de 50–100 bps no DI longo; padronize taxa de desconto por “família de ativos”.
Define a estratégia de indexadores (CDI/IPCA+/prefixado), prazos e metas de alongamento; aprova “janelas táticas” de emissão. Foco no belly/long-end para WACC e no front para custo de giro.
Executa rolagens, hedges e arbitragem de carry/rolldown; controla covenants sensíveis a juros; acompanha kinks de calendário. Foco no front (decisões semanais) e no belly (mensais).
Usa a leitura do front para negociar bandas de reajuste e janelas de compra de insumos (frete, aço, químicos), evitando “comprar alto” logo após kinks de inflação.
Ancora reajustes em rotina quinzenal/mensal olhando front e indicadores setoriais, para defender margem sem perder conversão.
Situação: short > long, com Jan/26 acima de Jan/29. Interpretação: mercado vê corte de juros mais adiante. Ação: manter parcela relevante do giro em CDI, travar IPCA+ na dívida com receita inflacionada e segurar prefixado longo até que o belly indique estabilização.
Situação: dados domésticos neutros, mas ruído fiscal abre Jan/33 em +40 bps. Interpretação: prêmio de prazo piorou. Ação: evitar alongar agora; focar em emissões médias e reforçar governança/garantias para ganhar spread quando o longo aliviar.
Situação: reforma fiscal avança, long-end fecha 50 bps; front estável. Interpretação: alongar ficou mais barato. Ação: abrir janela de debênture longa, casando amortização com o ciclo do ativo; reduzir dependência de giro caro.
💠 Calcular CET por vértice (CDI × IPCA+ × prefixado)
Não exatamente. DI é a taxa média esperada do CDI até cada vencimento, e o CDI acompanha a Selic. É o melhor proxy, mas não igual.
Que o mercado vê alívio no curto, mas pede prêmio no prazo. Tática: rolar curto, preparar governança/garantias e alongar quando o longo aliviar.
Quando você precisa previsibilidade ou tem convicção de queda futura. Prefira prefixar parcialmente para manter opcionalidade.
Não. Depende do spread e da inflação esperada — e de como sua receita é reajustada. Compare CETs.
Monitore 3 vértices, Copom, inflação e 2–3 indicadores de atividade. Atualize decisões grandes apenas quando houver mudança de tendência.
Ler a curva DI é arte aplicada: ver inclinação, curvatura e kinks; entender onde está a briga (front, belly, long-end); e tomar decisões que reduzam CET, preservem margem e protejam o caixa. Em 5 minutos por dia, você identifica janelas de rolagem, oportunidades de alongamento e momentos certos de repassar preço. Com disciplina, contratos inteligentes e hedge calibrado, a curva deixa de ser “um gráfico complicado” e vira ferramenta de gestão que paga a conta.
Como ler a curva DI em 5 minutos: front, belly e long-end sem economês
Resumo executivo: por que a curva DI manda no seu caixa
O que é a curva DI, sem economês
Leitura visual em 5 minutos: ao bater o olho, procure isso
Front, belly, long-end: o que cada trecho precifica e como usar no negócio
Front (0–12 meses): tática de caixa, renegociação e precificação de curto prazo
Belly (18–48 meses): onde se decide a “taxa terminal” e as travas de 2–4 anos
Long-end (5–10+ anos): custo de oportunidade para CAPEX, valuation e emissões longas
Steepener, flattener e inversão: traduzindo em ação
Carry & rolldown: o “pulo do gato” que evita pagar juro à toa
Checklist do leitor esperto: o que mexe a curva todos os dias
Decisões práticas ancoradas na curva (preço, hedge, funding e investimento)
Preço e repasses
Funding
Investimento e valuation
Tradução por perfil: como cada área usa a curva
Diretoria/CFO
Tesouraria
Suprimentos/Compras
Comercial/Pricing
Exemplos realistas de leitura (sem bola de cristal)
Caso A — Curva invertida por 3 meses
Caso B — Steepener com long-end “duro”
Caso C — Flattener por melhora estrutural
Erros comuns (e antídotos de uma linha)
Playbook 90/180/360 dias: da leitura à execução
Nos próximos 90 dias
Em 180 dias
Em 360 dias
FAQ rápido
DI é a Selic do futuro?
Front caiu e long-end subiu. O que isso diz?
Quando prefixar?
IPCA+ sempre ganha no longo?
Como acompanhar sem virar trader?
Conclusão: transforme o gráfico em caixa
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