Selic alta, inflação baixa: onde ainda há prêmio real?
Como medir prêmio real ex-ante, comparar CDI+/IPCA+/prefixado, avaliar crédito e liquidez, e montar um playbook de 90–180 dias com KPIs.
Quando a Selic está alta e a inflação recua, o debate volta ao básico: onde está o prêmio real? Em outras palavras, depois de descontar inflação, impostos, custos e risco, o que sobra de ganho de poder de compra? Este artigo explica, sem economês, como medir prêmio real ex-ante (pelas expectativas) e ex-post (pelo IPCA realizado), onde ele aparece (CDI+, NTN-B/IPCA+, prefixados, debêntures e créditos isentos, CRI/CRA, LCI/LCA, fundos de crédito), e os trade-offs de duration, liquidez, tributação e risco de crédito. Para tesourarias corporativas, mostramos como alinhar ALM, “escalonar” janelas de prefixação e decidir entre pós/real/prefixado. Fechamos com um playbook de 90–180 dias, KPIs e CTAs para comparar CET e sensibilidade a cenários.
Prêmio real é o retorno acima da inflação. Medir isso corretamente pede três cuidados:
Mental model: se a Selic é alta e a inflação cai, pós-fixados (CDI+) já entregam real positivo por inércia. O prêmio extra aparece onde o mercado embute receios (fiscal, curva longa, crédito) que podem não se materializar.
Com Selic alta, CDBs/LCs/tempos equivalentes em CDI+ entregam real positivo sem tomar risco de inflação ou de curva longa. Para caixa corporativo, priorize emissores de primeira linha e liquidez diária nas reservas táticas; no excedente, busque spread (CDBs/LCs de bancos médios, fundos de crédito high grade).
Os títulos IPCA+ são a régua direta do prêmio real. Quando o mercado exagera o risco fiscal, as taxas reais sobem e abrem janelas de travar poder de compra por longos prazos (aposentadoria, passivos atuariais, PPAs, concessões). Para PF/tesouraria: atenção à duration; a marcação a mercado machuca no curto prazo, embora o carry real seja valioso.
Prefixado é aposta na queda do nominal. O prêmio real está no excesso de pessimismo: quando o mercado precifica juros “eternos” e a inflação cede, prefixar tranches curtas/médias pode capturar compression de taxa e ganho real relevante. Evite concentração e balize com cenários.
Para PF, a isenção amplia o líquido real. O prêmio aparece em estruturas: (i) IPCA+ spread com garantias e covenants sólidos; (ii) CRI/CRA com subordinação adequada e lastros previsíveis; (iii) LCI/LCA com bancos médios pagando acima da curva. Compare sempre o equivalente tributado.
Fundos que compram debt corporativo bem selecionado entregam spread sobre CDI ou IPCA. O prêmio real vem da originação (privados, operações estruturadas) e da capacidade de navegar eventos. Exija transparência de carteira, métricas de inadimplência e duration efetiva.
Empresas não otimizam “retorno absoluto”; otimizam custo de oportunidade do caixa vs. custo da dívida, respeitando políticas de risco. Três decisões-chave:
O prêmio real “ganho” no caixa corporativo é, muitas vezes, o spread economizado por redução do CET do passivo (prefixar ou alongar dívidas quando a janela aparece).
Considere IPCA esperado de 4,0% a.a. e Selic efetiva de 12,75% a.a.:
Leitura: o “vencedor” depende da sua necessidade de liquidez, tolerância a volatilidade e riscos contratados.
💠 Aurum — comparar real ex-ante e CET 📊 Mercado de Capitais — debêntures/NP/LC 🏛️ Linhas BNDES — IPCA+/TLP para CAPEX
O real depende da inflação também. Se Selic cai junto com IPCA, o prêmio real pode se manter. Para preservar prêmio com visibilidade, combine CDI+ com IPCA+ e prefixados em escada.
Para preservar poder de compra, sim — mas a duration exige tolerância a marcação a mercado. Use IPCA+ como espinha dorsal e evite concentrar vencimentos.
É uma visão de taxa nominal. Reduza risco fazendo tranches, comparando com nominal esperado de IPCA+ e mantendo reserva em CDI+.
Isenção ajuda no líquido, mas risco, garantias, subordinação e liquidez mandam. Compare com o equivalente tributado e diversifique.
Use KPIs: prêmio real ex-ante médio da carteira, duration, liquidez, spread, e MtB vs. política. Menos ruído, mais processo.
Selic alta, inflação baixa: onde ainda há prêmio real?
Resumo executivo
Prêmio real: a régua que impede ilusões monetárias
(1+nominal)=(1+real)×(1+inflação).Onde o prêmio real tem “cara” hoje
1) Pós-fixados CDI+: “o feijão com arroz” que muitas vezes basta
2) IPCA+ (NTN-B, debêntures reais, TLP)
3) Prefixados (LTN/NTN-F, NP, LC/CRI/CRA prefixados)
4) Isentos: debêntures incentivadas, CRI/CRA, LCI/LCA
5) Fundos de crédito high grade e FIDCs
PF x PJ: o que muda para tesourarias
Métricas que importam (e as que enganam)
Estratégias práticas para capturar prêmio real
Exemplos ilustrativos (números hipotéticos)
Riscos que podem “comer” o seu prêmio real
KPIs para o comitê
Playbook de 90–180 dias
FAQ — dúvidas rápidas
Se a Selic cair, perco prêmio real no CDI?
IPCA+ sempre é melhor para “longo prazo”?
Prefixado é “aposta”?
Crédito isento vale sempre?
Como medir “sucesso”?
Qual é a Sua Reação?
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