Pass-through cambial: quanto do dólar chega ao seu preço final
Como medir e gerir o repasse do câmbio ao seu preço e à sua margem — com hedge por janelas, bandas contratuais e governança de preços.
Tempo de leitura: 12 min
Quando o dólar mexe, sua margem balança. O pass-through cambial é a proporção da variação do câmbio que chega ao seu preço final (e/ou aos seus custos) após um certo tempo. Não é constante: depende de setor, concorrência, estoques, contratos e da sua própria governança de preços. Este guia explica como o repasse funciona, como medir no seu negócio e quais alavancas — hedge, bandas contratuais e “buckets” de cobertura — reduzem a volatilidade de margem.
Pass-through cambial é a fração (0 a 100%) da desvalorização/apreciação do real que aparece no seu preço ou custo ao longo do tempo. Ex.: se o dólar sobe 10% e seu preço médio sobe 4% em três meses, o pass-through de 90 dias é ~40%. Há três janelas que importam:
Hint: pass-through baixo não significa “bom” por si só. Se você não consegue repassar, seu custo explode e a margem encolhe. A gestão ideal é previsível: repassar com critério, comunicar e proteger com hedge o que não dá para repassar no tempo certo.
No mês seguinte, compare planejado vs. realizado. A ideia é aprender por iteração até que o seu pass-through fique previsível.
Se o dólar pressiona seus custos, proteja o que não dá para repassar no tempo certo. Ex.: NDF/termo para 30–90 dias “cobrem” pedidos firmes, enquanto opções (colares) em 180–360 criam um teto com algum upside caso o dólar recue. Swaps ajudam quando a dor é de indexador do passivo (CDI↔USD).
▶ Simular perda marginal e montar hedge por janelas (30/90/180/360)
Negocie bandas de câmbio/combustíveis e cestas (USD + diesel + IPCA) com defasagem explícita. Isso reduz discussão e acelera repasse quando o choque vem, além de proteger seu fornecedor (menos risco → melhor preço).
Crie um comitê quinzenal com compras, comercial, finanças e logística: verifique USD/custos por família, ative gatilhos de repasse (ex.: USD 3% acima do orçamento → reajuste programado em X% no canal Y) e monitore NPS/churn para não queimar marca.
Diagnóstico: 45% do CMV dolarizado (insumos + embalagens). Ação: NDF escalonado 30/60/90 para pedidos firmes; colar 180 com teto para proteger orçamento; contratos com fornecedores atrelados a USD+diesel com defasagem de 30 dias; governança de preços por canal. Resultado: margem dentro do corredor mesmo com USD +8% em 60 dias; queda pequena de volume graças a segmentação por elasticidade.
Diagnóstico: estoque de 50 dias; concorrência forte. Ação: repasses parciais faseados; reforço de mix (SKUs “farol” seguram preço; margem vem dos complementares); NDF 30/60 para reposição; renegociação de prazos com fabricantes. Resultado: erosão de margem limitada e giro preservado.
Diagnóstico: receita ligada ao USD; custos em BRL/commodities. Ação: venda de USD (NDF) 30/90; ACC para suavizar caixa; colar 180 para garantir piso de BRL por tonelada; compras de insumos com bandas. Resultado: previsibilidade do fluxo em BRL e menor variância de margem.
🌎 Simular FX Loan (USD) vs. BRL com hedge integrado💠 Comparar CET por indexador (CDI × IPCA+ × USD)
Nem sempre. Em mercados com competição forte, o repasse na alta costuma ser mais rápido que o “desrepassar” na queda. A governança (bandas e calendários) reduz assimetria.
Depende da elasticidade. O ideal é segmentar: proteger margens nos SKUs com menor elasticidade e usar “faróis de preço” para preservar tráfego/giro.
Pagam-se para comprar teto/piso. Em ambientes voláteis, essa assimetria vale por reduzir CFaR e risco de estourar covenants. Estruturas “colar” podem reduzir o custo do prêmio.
Seu cliente aceita repasses quando você comunica com clareza e entrega valor. Seu P&L agradece quando você mede o pass-through por família/canal, protege os gaps com hedge e assina contratos com bandas e cestas de índices. Em 2026, a vantagem competitiva não é “acertar o dólar”, e sim prever a margem — e operar com disciplina.
Pass-through cambial: quanto do dólar chega ao seu preço final
Resumo executivo: do câmbio ao preço — a ponte que define sua margem
O que é pass-through (sem economês)
Quem repassa mais (e quem repassa menos)
Setores de pass-through alto
Setores de pass-through moderado/baixo
Os 7 motores do pass-through na sua empresa
Como medir o pass-through no seu negócio (passo a passo)
Ferramentas para reduzir o vaivém: hedge, contratos e buckets
Hedge cambial que casa com o calendário
Contratos com bandas e cestas de índices
Governança de preços
Exemplos práticos (sem bola de cristal)
Indústria de autocuidado
Distribuidor de tecnologia
Exportador de proteína
Erros comuns (e como fugir deles)
Checklist rápido para a próxima reunião de preços
FAQ (perguntas frequentes)
Pass-through é simétrico para alta e queda do dólar?
O que é melhor: segurar preço ou volume?
Opções não são caras?
Conclusão: pass-through previsível vale mais que preço “bonito”
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