O que é CDI e por que ele importa
Guia prático sobre CDI: diferenças para a Selic, impacto em pós-fixados, crédito “CDI + spread”, curva DI e decisões para PF e PJ.
Tempo de leitura: 14 min
O CDI é a taxa que referencia os empréstimos de curtíssimo prazo entre bancos. Por refletir o “preço do dinheiro” no interbancário e caminhar muito próximo da Selic, o CDI se tornou o indexador-padrão de grande parte do mercado: pós-fixados (CDBs, LFs, LCs), fundos DI e uma porção relevante do crédito corporativo (capital de giro, debêntures flutuantes, NPs). Para investidores e empresas, entender CDI é entender como a taxa básica “vira realidade” em rendimento, parcelas, CET e WACC. Este guia explica o que é, como é calculado, diferenças para a Selic, como afeta PF e PJ e como tomar decisões melhores usando CDI a seu favor.
CDI é a sigla de Certificado de Depósito Interbancário. Na prática, trata-se da taxa média das operações de um dia entre bancos, usadas para fechar o “caixa” diário do sistema. Essas transações são de baixíssimo risco (entre instituições financeiras supervisionadas) e, por isso, a taxa do CDI é considerada o piso de referência para aplicações e empréstimos de risco baixo no mercado.
Como o Banco Central conduz a política monetária direcionando a Selic, e o interbancário precisa “encaixar” liquidez todo dia, o CDI costuma ficar muito próximo da Selic efetiva, com pequenas diferenças técnicas. Resultado: o CDI tornou-se o indexador mais utilizado para pós-fixados e para precificar o custo do dinheiro no Brasil.
Embora andem coladas, CDI e Selic não são a mesma coisa:
Na vida real, o investidor vê produtos “XX% do CDI”, enquanto o tomador de crédito enxerga ofertas “CDI + spread”. São duas faces da mesma moeda: o CDI como régua de remuneração e de custo.
Para pessoa física, o CDI está por toda parte:
Dica prática: compare líquido de taxa e imposto. Um CDB 110% do CDI com IR pode perder de uma LCI/LCA 95% do CDI isenta, a depender do prazo. Olhe o retorno líquido anualizado, não apenas o “% do CDI”.
Do lado de quem toma recursos, o CDI aparece como indexador somado a um spread (remunera risco, capital regulatório, custos e margem do banco). Exemplos:
Em todos os casos, o que importa no fim é o CET (Custo Efetivo Total), que inclui impostos, tarifas e seguros. A mesma “taxa CDI + x%” pode virar CETs diferentes dependendo de carências, amortização (SAC/PRICE), garantias e custos acessórios.
Para prazos mais longos, o mercado usa a curva DI (Depósitos Interfinanceiros) negociada na B3 para inferir expectativas de CDI/Selic no futuro. Essa curva embute projeções de inflação, política monetária e prêmio de risco. Assim, um financiamento “CDI + spread” com prazo de 36 meses carrega implícito “o CDI de cada mês futuro” — ou seja, cenários importam.
Tradução prática: antes de fechar uma dívida indexada ao CDI, simule o fluxo com diferentes trajetórias da curva e faça stress test de caixa e covenants (DSCR, alavancagem). Para investimento, avalie se seu objetivo (reserva, médio prazo, longo prazo) combina com ativos pós, prefixados ou IPCA+.
O CDI é o ponto de partida do custo de dívida em reais. Somando o spread de crédito e ajustando pelos benefícios fiscais (escudo do IR), você chega ao custo de dívida pós-imposto. No WACC (custo médio ponderado de capital), esse componente interage com o custo de equity (influenciado pelo juro real e prêmio de risco) para determinar o hurdle rate de projetos.
Implicação: quando CDI/Selic sobe, o WACC sobe, mais projetos “caem na peneira” e o equity fica mais caro. Quando cai, o apetite por risco aumenta — mas o spread pode seguir alto se o risco idiossincrático da empresa não melhorar (informação ruim, garantias fracas, governança precária).
Nem tudo deve ser CDI. Três situações comuns:
O segredo é mix de bases (CDI/IPCA/USD) conforme receitas e contratos, com swaps para corrigir descasamentos.
Reserva de emergência em fundo DI líquido D+0 que rende próximo do CDI após taxas. Metas de médio prazo podem usar CDBs 110% do CDI ou LC/LI/LCI isentas — compare líquido e prazo de carência.
Giro de 24 meses a CDI + 6,0% a.a. com garantia de recebíveis “AA” e DSRA de 2 meses. Ao trocar estoque por escrow de recebíveis qualificados, o spread cai para +4,5% a.a., reduzindo o CET e melhorando o DSCR.
Metade do passivo em CDI pressionava DSCR quando USD caía. Ao swapar CDI→USD em 50% da dívida, alinhou-se a base ao fluxo de receita, reduzindo volatilidade de caixa e melhorando a precificação de risco.
💠 Aurum – Comparar CET por indexador (CDI × IPCA+ × USD) 📊 Debêntures/NP/LC – montar cenários 🌎 Risco cambial – buckets 30/90/180/360 🏗 Linhas BNDES – taxas, prazos e carência
O que é CDI e por que ele importa
Resumo executivo
CDI em 1 minuto: definição e origem
CDI x Selic: iguais ou diferentes?
Como o CDI impacta seus investimentos (PF)
Como o CDI entra no crédito (PJ e PF)
CDI e curva DI: olhando para frente
CDI e custo de capital (WACC): por que o CFO liga para isso
Quando faz sentido não escolher CDI
Exemplos práticos (ilustrativos)
Investidor pessoa física
Empresa de varejo (giro)
Exportadora (ALM)
Checklist rápido para decidir melhor
Erros comuns (e como evitar)
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