MP do IOF: entenda o pacote tributário e seus efeitos na economia
MP reajusta IOF, IR, CSLL e apostas; análise mostra impactos em crédito, mercado e risco Brasil. Veja quem ganha, quem perde e o que fazer.
GX Insights – MP do IOF e Reforma Tributária: entenda os impactos na economia brasileira
Tempo de leitura: 10 min | Atualizado em: 10 jun 2025
1. O que diz a nova Medida Provisória?
Em 9 de junho de 2025 o governo publicou uma Medida Provisória (MP) que “recalibra” a IOF e faz alterações profundas em Imposto de Renda, CSLL, JCP e apostas esportivas. Segundo o economista Gabriel Barros (ARX Investimentos), o texto é inédito por tentar uma “ampla reforma do IR via MP” e pode aumentar o risco de recessão em 2027 se aprovado como está :contentReference[oaicite:0]{index=0}.
2. Resumo das principais alterações
Tributo / Regra | Situação atual | Mudança proposta |
---|---|---|
IOF – crédito PJ | Alíquota fixa 0,95 % | Volta para 0,38 % (igual PF) :contentReference[oaicite:1]{index=1} |
IOF – risco sacado | 0,95 % + diária 0,0082 % | Mantém só a alíquota diária |
CSLL | Empresas 9 %; bancos 20 % | Alíquota única de 15 %; bancos mantêm 20 % |
IR – Juros sobre Capital Próprio (JCP) | 15 % | 20 % |
Apostas esportivas (bets) | 12 % sobre faturamento | 18 % |
IOF – câmbio retorno de IED | 3,5 % | 0 % |
IOF – FIDC primário | Isento | 0,38 % |
As mudanças entram em vigor imediatamente, mas itens de IR e CSLL respeitam anualidade e noventena: só valem a partir de 2026 se o Congresso aprovar a MP em até 120 dias.
3. Impactos macroeconômicos esperados
3.1 Receita x Despesa: ajuste desequilibrado
A Fazenda estimava arrecadar R$ 19,1 bi anuais com o aumento do IOF de maio; após recuo parcial, o ganho líquido cai para ~R$ 6 bi. A MP compensa a diferença elevando IR, CSLL e tributos sobre bets :contentReference[oaicite:2]{index=2}. Segundo Barros, focar apenas em receita “planta semente de recessão” em 2027, pois posterga ajustes de gasto e eleva a carga tributária em meio a crescimento frágil.
3.2 Risco Brasil e atração de capital
A volatilidade tributária aumenta a percepção de risco do investidor estrangeiro. Mudanças via MP, sem debate em lei ordinária, sinalizam insegurança jurídica, ampliando CDS e encarecendo o cost of funding para empresas :contentReference[oaicite:3]{index=3}.
3.3 Política monetária
Ao elevar impostos, o governo retira renda disponível, o que é desinflacionário em tese; porém, se afetar confiança e câmbio, pode pressionar preços importados. O BC pode ter de calibrar o ciclo de cortes na Selic mais lentamente.
4. Quem ganha e quem perde?
4.1 Bancos e crédito
A volta do IOF de 0,38 % no crédito PJ reduz impacto negativo de maio, mas operações de risk-sacado (supply chain finance) seguem desestimuladas. A CSLL maior (para fintechs) pressiona margens de bancos digitais.
4.2 Mercado de capitais
Alta do IR sobre JCP de 15 % para 20 % diminui atratividade do mecanismo de remuneração aos acionistas. Empresas podem substituir JCP por dividendos, afetando planejamento tributário.
4.3 Fundos e securitização
IOF sobre aquisição primária de FIDC (0,38 %) encarece securitização de recebíveis de curto prazo, aumentando CET para cedentes; mercado secundário continua isento, preservando liquidez.
4.4 Apostas esportivas
Tributação sobe de 12 % para 18 % sobre faturamento, reduzindo take rate das casas e possivelmente repassando custo ao apostador. Empresas off-shore podem repensar licença brasileira.
5. Trâmite e cenário político
O presidente da Câmara, Hugo Motta, declarou não haver compromisso em aprovar a MP. Caso não seja votada em 120 dias, perde eficácia :contentReference[oaicite:4]{index=4}. O Senado também sinalizou resistência a mudanças de IR por MP, alegando violação de competência do Legislativo.
Possíveis cenários:
- Aprovação integral – arrecadação sobe R$ 19 bi/ano em 2026; risco jurídico reduzido.
- Aprovação parcial – Congresso derruba itens de IR, mantém IOF; impacto fiscal menor.
- Devolução ou caducidade – volta situação de maio, e governo busca nova fonte de receitas ou corta gastos.
6. Perguntas frequentes sobre a MP
- Quando as novas alíquotas começam a valer?
- IOF e bets valem na publicação (10 jun 2025). IR, CSLL e JCP só em 1.º jan 2026, respeitando anualidade.
- A MP pode ser modificada?
- Sim. Relator pode alterar texto; emenda constitucional não é necessária, pois são tributos ordinários.
- O IOF de câmbio 0 % vale para qualquer operação?
- Apenas para retorno de investimento estrangeiro direto; remessas financeiras continuam com IOF de 1,1 % a 0 % conforme calendário gradual.
7. Checklist do CFO e do investidor
- Reprecificar JCP líquido em modelos de valuation.
- Comparar funding bancário pós IOF com FIDC + custo 0,38 %.
- Reavaliar estruturas de supply-chain finance com risco sacado.
- Adequar provisões fiscais (IR/JCP, CSLL) no budget 2026.
- Monitorar tramitação da MP e potenciais emendas no Congresso.
8. Conclusão: ajuste tributário ou risco de recessão?
A MP busca recompor receitas após recuo do IOF, mas faz isso pela via rápida de alíquota e sem contrapartida de cortes de gasto. Para parte dos economistas, o resultado pode ser menor crescimento, maior risco país e depreciação cambial. Para o investidor, o recado é claro: planejamento tributário volta a ser prioridade, seja comparando JCP, IOF, CSLL ou apostando em ativos que se ajustem ao novo cenário de carga fiscal. Acompanhe as votações — e conte com a Aurum AI para recalibrar seus modelos de custo de capital em tempo real.
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