MP do IOF: entenda o pacote tributário e seus efeitos na economia

MP reajusta IOF, IR, CSLL e apostas; análise mostra impactos em crédito, mercado e risco Brasil. Veja quem ganha, quem perde e o que fazer.

Jun 13, 2025 - 16:02
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MP do IOF: entenda o pacote tributário e seus efeitos na economia
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MP do IOF: entenda o pacote tributário e seus efeitos na economia

GX Insights – MP do IOF e Reforma Tributária: entenda os impactos na economia brasileira

Tempo de leitura: 10 min  |  Atualizado em: 10 jun 2025

1. O que diz a nova Medida Provisória?

Em 9 de junho de 2025 o governo publicou uma Medida Provisória (MP) que “recalibra” a IOF e faz alterações profundas em Imposto de Renda, CSLL, JCP e apostas esportivas. Segundo o economista Gabriel Barros (ARX Investimentos), o texto é inédito por tentar uma “ampla reforma do IR via MP” e pode aumentar o risco de recessão em 2027 se aprovado como está :contentReference[oaicite:0]{index=0}.

2. Resumo das principais alterações

Tributo / Regra Situação atual Mudança proposta
IOF – crédito PJ Alíquota fixa 0,95 % Volta para 0,38 % (igual PF) :contentReference[oaicite:1]{index=1}
IOF – risco sacado 0,95 % + diária 0,0082 % Mantém só a alíquota diária
CSLL Empresas 9 %; bancos 20 % Alíquota única de 15 %; bancos mantêm 20 %
IR – Juros sobre Capital Próprio (JCP) 15 % 20 %
Apostas esportivas (bets) 12 % sobre faturamento 18 %
IOF – câmbio retorno de IED 3,5 % 0 %
IOF – FIDC primário Isento 0,38 %

As mudanças entram em vigor imediatamente, mas itens de IR e CSLL respeitam anualidade e noventena: só valem a partir de 2026 se o Congresso aprovar a MP em até 120 dias.

3. Impactos macroeconômicos esperados

3.1 Receita x Despesa: ajuste desequilibrado

A Fazenda estimava arrecadar R$ 19,1 bi anuais com o aumento do IOF de maio; após recuo parcial, o ganho líquido cai para ~R$ 6 bi. A MP compensa a diferença elevando IR, CSLL e tributos sobre bets :contentReference[oaicite:2]{index=2}. Segundo Barros, focar apenas em receita “planta semente de recessão” em 2027, pois posterga ajustes de gasto e eleva a carga tributária em meio a crescimento frágil.

3.2 Risco Brasil e atração de capital

A volatilidade tributária aumenta a percepção de risco do investidor estrangeiro. Mudanças via MP, sem debate em lei ordinária, sinalizam insegurança jurídica, ampliando CDS e encarecendo o cost of funding para empresas :contentReference[oaicite:3]{index=3}.

3.3 Política monetária

Ao elevar impostos, o governo retira renda disponível, o que é desinflacionário em tese; porém, se afetar confiança e câmbio, pode pressionar preços importados. O BC pode ter de calibrar o ciclo de cortes na Selic mais lentamente.

4. Quem ganha e quem perde?

4.1 Bancos e crédito

A volta do IOF de 0,38 % no crédito PJ reduz impacto negativo de maio, mas operações de risk-sacado (supply chain finance) seguem desestimuladas. A CSLL maior (para fintechs) pressiona margens de bancos digitais.

4.2 Mercado de capitais

Alta do IR sobre JCP de 15 % para 20 % diminui atratividade do mecanismo de remuneração aos acionistas. Empresas podem substituir JCP por dividendos, afetando planejamento tributário.

4.3 Fundos e securitização

IOF sobre aquisição primária de FIDC (0,38 %) encarece securitização de recebíveis de curto prazo, aumentando CET para cedentes; mercado secundário continua isento, preservando liquidez.

4.4 Apostas esportivas

Tributação sobe de 12 % para 18 % sobre faturamento, reduzindo take rate das casas e possivelmente repassando custo ao apostador. Empresas off-shore podem repensar licença brasileira.

5. Trâmite e cenário político

O presidente da Câmara, Hugo Motta, declarou não haver compromisso em aprovar a MP. Caso não seja votada em 120 dias, perde eficácia :contentReference[oaicite:4]{index=4}. O Senado também sinalizou resistência a mudanças de IR por MP, alegando violação de competência do Legislativo.

Possíveis cenários:

  • Aprovação integral – arrecadação sobe R$ 19 bi/ano em 2026; risco jurídico reduzido.
  • Aprovação parcial – Congresso derruba itens de IR, mantém IOF; impacto fiscal menor.
  • Devolução ou caducidade – volta situação de maio, e governo busca nova fonte de receitas ou corta gastos.

6. Perguntas frequentes sobre a MP

Quando as novas alíquotas começam a valer?
IOF e bets valem na publicação (10 jun 2025). IR, CSLL e JCP só em 1.º jan 2026, respeitando anualidade.
A MP pode ser modificada?
Sim. Relator pode alterar texto; emenda constitucional não é necessária, pois são tributos ordinários.
O IOF de câmbio 0 % vale para qualquer operação?
Apenas para retorno de investimento estrangeiro direto; remessas financeiras continuam com IOF de 1,1 % a 0 % conforme calendário gradual.

7. Checklist do CFO e do investidor

  • Reprecificar JCP líquido em modelos de valuation.
  • Comparar funding bancário pós IOF com FIDC + custo 0,38 %.
  • Reavaliar estruturas de supply-chain finance com risco sacado.
  • Adequar provisões fiscais (IR/JCP, CSLL) no budget 2026.
  • Monitorar tramitação da MP e potenciais emendas no Congresso.

8. Conclusão: ajuste tributário ou risco de recessão?

A MP busca recompor receitas após recuo do IOF, mas faz isso pela via rápida de alíquota e sem contrapartida de cortes de gasto. Para parte dos economistas, o resultado pode ser menor crescimento, maior risco país e depreciação cambial. Para o investidor, o recado é claro: planejamento tributário volta a ser prioridade, seja comparando JCP, IOF, CSLL ou apostando em ativos que se ajustem ao novo cenário de carga fiscal. Acompanhe as votações — e conte com a Aurum AI para recalibrar seus modelos de custo de capital em tempo real.

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Vinicius Teixeira Vinicius Teixeira é especialista com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, atuando com foco em soluções estratégicas para câmbio, crédito estruturado e inteligência financeira para empresas. Ao longo da carreira, ajudou centenas de negócios a tomarem decisões mais inteligentes e rentáveis, sempre com uma abordagem analítica, consultiva e baseada em dados. Fundador da GX Capital, Vinicius combina sua vivência de mercado com o uso de tecnologias avançadas e inteligência artificial para oferecer uma nova geração de serviços financeiros. É também palestrante, tendo participado de eventos e formações voltadas à educação financeira e à transformação digital no setor. No portal da GX Capital, compartilha sua visão sobre o futuro do mercado, tendências econômicas e estratégias práticas para empresas que querem crescer com eficiência e segurança.