CET, taxa nominal e taxa real: por que “barato no cupom” pode sair caro
Aprenda a comparar operações pelo CET e pela taxa real, não só pelo cupom — com checklists e simuladores para reduzir seu custo financeiro em 2026.
Tempo de leitura: 20 min
Ao escolher crédito, muitas empresas e famílias olham apenas a taxa nominal anunciada no comercial — “de 1,2% ao mês”, “de IPCA + 5% ao ano”. Só que o que sai do caixa é o CET (Custo Efetivo Total), que soma juros, tarifas, seguros, IOF, carência, amortização e demais encargos. E o que preserva seu poder de compra é a taxa real — o rendimento/despesa acima da inflação. Quando você compara operações sem padronizar base (a.a. vs. a.m.), capitalização e itens do CET, o “barato no cupom” vira caro no fluxo. Este guia explica, com linguagem direta, como evitar armadilhas e tomar decisões melhores para 2026.
Regra de bolso: nunca decida usando só taxa nominal. Traga tudo à mesma base (a.a. efetivo), inclua CET e compare cenários de inflação para enxergar a taxa real.
Mensagem-chave: a taxa nominal orienta a conversa; a taxa real decide a alocação.
Situação: empresa recebe proposta de giro a 1,35% a.m. com cobrança de TAC, avaliação, seguro e IOF; e alternativa a CDI + spread com menos tarifas. O “1,35% a.m.” soa sedutor, mas o all-in com tarifas e IOF dispara o CET, principalmente se a amortização for lenta e houver carência com capitalização. Já a linha CDI com menos tarifas, mesmo com spread maior, pode entregar CET menor — especialmente se a curva DI sinaliza queda no curto.
Aprendizado: cupom sem CET é miragem. Para giro, negocie tarifa zero/reduzida e prazos compatíveis com ciclo de caixa; prefira estruturas com amortização frequente e espaço para pré-pagamento sem multa.
Situação: CAPEX com receitas reajustadas anualmente por IPCA. Oferta A: IPCA + 6,5% a.a.; oferta B: CDI + 1,8% a.a. Sem simulação, “CDI + 1,8%” parece barato. Em cenário de IPCA 5% e CDI 10%, o custo real da dívida IPCA+ é ~6,5%; o da CDI é ~10% (nominal). Se a inflação cair e o CDI cair junto, o quadro muda — por isso, o casamento de indexador com receita é o que preserva margem real.
Aprendizado: dívida IPCA+ faz sentido quando sua receita é inflacionada; caso contrário, você corre risco de erosão real da margem.
PRICE: parcela constante. Bom para previsibilidade, mas concentra juros no início; CET tende a ser mais sensível a carência longa.
SAC: amortização constante. Parcela mais alta no início, cai com o tempo. Reduz custo total de juros se você aguenta o começo “pesado”.
Bullets parciais: úteis em project finance com marcos de receita. Exigem mais governança e covenants.
Regra: combine amortização com ciclo operacional e com a rampa de geração de caixa. O mesmo cupom com amortização errada “explode” CET e covenants.
Mix é a palavra. Carteiras 100% CDI ou 100% IPCA concentram risco. Diversifique indexadores por bloco de passivos e horizonte de projetos.
Bancos precificam risco, não só cupom. Patrimônio de afetação, escrow, contas-reserva, monitoramento de KPIs e relato trimestral reduzem incerteza e spread. Bons covenants evitam gatilhos punitivos (multa, step-up) e reduzem o CET esperado. Às vezes o cupom nominal é igual, mas o “risco de estouro” (e o CET efetivamente pago) cai quando a governança melhora.
Em financiamento imobiliário, veículos ou educação, SEMPRE peça CET. Compare SAC vs. PRICE; verifique seguros embutidos (prestamista, DFI, MIP), tarifas (avaliação, registro) e IOF. Às vezes, trocar de banco por 0,1 p.p. a menos no cupom e mais tarifas aumenta o custo total. Para PF, o consórcio pode ser alternativa de poupança disciplinada se não houver pressa na aquisição — compare “CPT” (custo percentual total) com financiamento tradicional.
💠 Calcular e comparar CET (Aurum)
Efetiva considera a capitalização dos juros; CET adiciona todas as demais despesas (tarifas, seguros, IOF, impostos, carência, amortização). Compare sempre por CET.
Não. Depende da inflação e do spread. Se sua receita não é inflacionada, IPCA+ pode ampliar risco real. IPCA+ faz sentido quando protege fluxo real.
Não existe “melhor” universal. SAC reduz juros totais (parcela maior no início); PRICE suaviza parcela (juros mais altos no começo). Combine com seu fluxo e metas de covenants.
Padronize base (a.a. efetivo), liste CET completo, simule amortização, carência e indexador. Use cenários de inflação e eventos de pré-pagamento.
Quando precisar previsibilidade e/ou tiver convicção de queda futura de juros. Prefixe parcialmente para manter flexibilidade.
Seja PF ou PJ, a decisão inteligente nasce de três passos: (1) padronize base e capitalização; (2) compute CET com todas as linhas; (3) enxergue taxa real conforme o indexador e a inflação do seu negócio. É isso que separa “barato no cupom” de barato no caixa. Em 2026, quem dominar esse tripé (CET, nominal e real) vai captar melhor, investir melhor e dormir melhor.
💠 Comparar CET e indexadores (Aurum)📊 Testar emissão por indexador (debêntures/NP/LC)🏠 Consórcio vs. financiamento (PF/PJ)
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Resumo executivo: o que realmente define o custo do seu dinheiro
Taxa nominal x taxa efetiva x taxa real: o dicionário essencial
Por que o “barato no cupom” vira caro no fluxo: 7 armadilhas comuns
Como comparar, do jeito certo: um checklist para não errar
Nominal x real no dia a dia: onde cada um manda
Quando olhar a taxa nominal
Quando olhar a taxa real
Caso prático 1 — Capital de giro: “cupom baixinho”, CET alto
Caso prático 2 — IPCA+: “parece caro”, mas protege poder de compra
Amortização muda tudo: PRICE, SAC e bullets inteligentes
Indexador certo: CDI, IPCA+ ou prefixado?
Seguros, garantias e covenants: como “baratear” CET sem mexer no cupom
Planeje a saída: pré-pagamento, swap e janelas de mercado
CPF também paga CET: como pessoa física evita “pegadinhas”
Playbook 90/180/360 dias para CFO/tesouraria
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Erros comuns e antídotos em uma linha
FAQ (perguntas frequentes)
Qual a diferença entre taxa efetiva e CET?
É verdade que IPCA+ é sempre mais barato no longo prazo?
Qual o melhor sistema: SAC ou PRICE?
Como comparar propostas de bancos diferentes?
Quando prefixar parte da dívida?
Conclusão: CET compra a verdade; taxa nominal compra manchete
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