Menos empresas na Bolsa: como financiar crescimento com juros altos (e preparar a próxima janela)
B3 com menos listadas, IPOs raros e crédito privado em alta. Veja como redesenhar o funding, reduzir CET e ficar pronto para a janela de mercado.
Tempo de leitura: 22 min
O Brasil convive em 2025 com um custo de oportunidade elevado e um mercado acionário mais enxuto. O número de empresas listadas na B3 recuou em relação ao pico pós-2020, e as janelas de equity seguem estreitas. Ainda assim, o capital não desapareceu: ele migrou para alternativas como debêntures, FIDCs, notas comerciais, BDRs e capital privado. Para CFOs e conselhos, o jogo é reorganizar o funding stack, reduzir CET com engenharia de prazos/garantias/covenants e manter preparação contínua para a próxima janela de mercado.
Segundo levantamento recente, a B3 conta com 358 companhias, abaixo das 371 de um ano atrás e das 398 de 2022, após o último ciclo de IPOs. As razões citadas: juros altos, reprecificação de risco e ondas de fechamento de capital/M&A, inclusive com controle migrando para capital privado. Em paralelo, há expectativa de que uma queda sustentável de juros possa reabrir a janela de ofertas, inclusive para companhias menores sob um regime regulatório mais simples para small caps.
No curto prazo, porém, a rotação é visível: emissões domésticas de dívida ganharam tração (debêntures e retomada de FIDC), com meses recentes figurando entre os maiores volumes do ano no mercado local.
Do lado de IPOs, a mensagem de autoridades de mercado e investment bankers tem sido consistente desde 2024: janelas dependem de atividade econômica, apetite estrangeiro e, principalmente, Selic em “single digit”. Enquanto isso não se consolida, abrem-se exceções pontuais e muita empresa espera — ou usa vias alternativas.
Juro alto encarece o equity (via desconto de fluxo) e torna renda fixa mais atraente, deslocando demanda por ações. Além disso, o avanço do capital privado (fundos locais e internacionais) oferece cheques grandes sem a exposição e os custos recorrentes de companhia aberta. Empresas com perfil de crescimento, mas fluxo ainda volátil, preferem rodadas privadas ou estruturas híbridas enquanto amadurecem governança e previsibilidade de caixa.
Essa “privatização do crescimento” também aparece em soluções como BDRs de companhias estrangeiras/holdings que dão exposure local a negócios que ainda não farão IPO individual — um atalho de mercado de capitais sem multiplicar ofertas.
Em vez de esperar a “grande janela”, as empresas vencedoras montam uma escada de financiamento que combina instrumentos, prazos e garantias para minimizar CET e preservar flexibilidade. Pense em três andares:
📊 Simulador de instrumentos (debêntures/NP/LC) 🏗 Linhas BNDES: taxas, prazos e carência 💠 Aurum: comparar CET por estrutura
Com o investidor local remunerado na renda fixa e segurando risco de equity, o mercado de dívidas virou a válvula de escape do investimento corporativo. Dados recentes mostram meses recorde/robustos de captação em debêntures e retomada dos FIDCs, com oferta pulverizada e institucional.
Para o emissor, a vantagem é montar story de crédito que “compra bps”: garantias inteligentes (escrow/alienação), DSRA, covenants operacionais claros e step-down de spread vinculado a metas (DSCR/alavancagem). Isso reduz CET e prepara a transição para equity mais adiante.
Selic elevada “peneira” investimentos: somente projetos com retornos reais robustos passam. Evidências empíricas recentes reforçam que altas de juro desestimulam capex de companhias abertas e atrasam crescimento — o que explica parte da fila curta de IPOs.
Para destravar, duas frentes: micro (engenharia financeira, governança, metas de eficiência) e macro (credibilidade fiscal/monetária). Enquanto a segunda é lenta e fora do seu controle, a primeira é imediata e está nas suas mãos.
💠 Comparar CET por estrutura (Aurum) 📊 Montar debênture/NP/LC por cenário 🏗 Simular BNDES (FINEM/ESG/FINAME)
Não. Significa hibernação cíclica. Em 2020–2021 houve boom; desde 2022, juros altos e M&A encolheram a base. O pêndulo pode voltar com normalização de juros e crescimento.
Depende do CET, da urgência do projeto e do seu rating. Muitas companhias financiam crescimento via crédito agora e mantêm IPO-ready para usar equity como “refinanciamento estratégico” quando a janela abrir.
BDR é ponte útil para o investidor local acessar teses sem IPO individual de cada empresa do grupo/holding — como em listagens recentes que ampliam o cardápio de techs.
Caprichar nas garantias, DSRA, covenants operacionais claros e step-down de spread por metas. Isso “compra bps”.
Não. Inviabiliza o que tem ROIC fraco. Projetos bons passam na peneira e ainda ganham alavancagem responsável via debêntures/BNDES/FIDC.
Em 2025, a foto é de Bolsa esvaziada e crédito privado robusto; em 2026, a música pode mudar — mas só dança bem quem ensaiou antes. Se a sua empresa dominar CET, ALM, covenants e tiver equity story “no ponto”, vai escolher o melhor instrumento para cada fase, sem ser refém do calendário do mercado.
📊 Simular instrumentos e covenants 💠 Ver CET por prazo/indexador 🏗 Explorar linhas BNDES
Menos empresas na Bolsa e juros altos: o que isso muda no seu “funding stack”
Resumo executivo: juros altos espantam IPOs, mas não o capital
O cenário: Bolsa “magrela”, ciclo de juros e a rotação para crédito
O que está por trás: custo de capital, preferência por renda fixa e “privatização” do crescimento
Diagnóstico 2025: sete fatos que todo CFO precisa ter no radar
Implicações práticas: como redesenhar seu “funding stack” em 2025/2026
1) Caixa tático (0–12 meses)
2) Capex e alongamento (12–60 meses)
3) Equity estratégico (janela)
Checklist de prontidão para “quando a janela bater”
Por que o crédito privado cresceu? (e como usar a seu favor)
O papel do juro: mais que custo, é “curador” de projetos
Playbook 30/90/180/360: do agora à próxima janela
Em 30 dias
Em 90 dias
Em 180 dias
Em 360 dias
FAQ (perguntas frequentes)
Queda no número de listadas significa “fim da Bolsa”?
É melhor esperar IPO ou emitir dívida agora?
BDR resolve para quem quer acesso a tech?
O que fazer para cortar CET em dívida?
Juro alto inviabiliza tudo?
Conclusão: “esperar a janela” é tática; “estar pronto” é estratégia
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