Logística: diesel, frete e repasse — como proteger margem com contratos, hedge e funding
Formação do frete, fuel surcharge eficaz, hedge de câmbio/combustível, KPIs, armadilhas e playbook de 90–180 dias.
Diesel é o “sangue” da logística brasileira. Quando o preço do combustível e do frete internacional oscila, a margem de transportadoras e embarcadores vira refém de repasse tardio, contratos mal escritos e funding curto e caro. Este guia explica, sem economês, como o diesel e o câmbio entram no preço do frete, como desenhar fuel surcharge eficaz, quais hedges fazem sentido (câmbio e, quando existir mercado, caps de combustível), como financiar capital de giro sem estourar o CET e quais KPIs separar para o comitê. No final, um playbook de 90–180 dias ajuda a sair do improviso para um processo repetível, com CTAs para simular risco cambial, linhas BNDES e instrumentos de mercado.
O custo logístico tem três blocos: combustível (diesel/bunker), pessoal e manutenção (motorista, pneus, peças) e custos de rota e pedágio. No rodoviário, o diesel pode representar de 25% a 45% do custo direto; no aéreo, o QAV domina o variável; no marítimo/cabotagem, o bunker e o câmbio influenciam tarifas. Qualquer choque de preço sem cláusula de repasse automático corrói margem imediatamente. O segundo vilão é o timing: o combustível muda toda semana, mas clientes aceitam reajustes em janelas mensais ou trimestrais.
Frete competitivo precisa de memória de preço clara:
Sem essa memória, a negociação vira “preço de tela” e “achismo”, dificultando o repasse e a previsibilidade do resultado.
Cláusulas de repasse automático alinham variação de combustível ao preço do frete. Componentes essenciais:
Regra prática: quanto maior a volatilidade/participação do diesel, menor deve ser a defasagem e mais frequente o ajuste.
Ninguém precisa “prever” diesel ou dólar — é preciso diminuir o desvio do orçamento. Três pilares resolvem a maioria dos casos:
🌎 Simular risco cambial — perda marginal 💵 FX Loan — viabilidade USD vs. BRL
Rodar frota, estoque de peças e contas a receber em CDI+ curto pode estourar o CET quando diesel/câmbio sobem. Alternativas:
🏛️ Linhas BNDES — prazos, taxas e carência 📊 Mercado de Capitais — simular emissão 💳 Antecipar Recebíveis — calcular custo 💠 Aurum — CET comparativo
Cenário: alta de diesel em 8 semanas. Solução: contrato com fuel surcharge mensal (média móvel 4 semanas, banda ±2%), ajuste automático D+7; NDF para peças importadas em buckets 30/60/90; financiamento de giro via NP amortizante trimestral. Resultado: fuel-to-revenue estável e menor serrilhado de margem.
Cenário: lead time curto, volumes voláteis. Solução: fórmula simplificada de repasse por faixa de km e peso, revisão quinzenal, tabela de gatilhos transparente no portal do cliente; teto de USD para 50% de insumos críticos; FIDC para “baixar” prazo médio de recebimento. Resultado: conversão preservada e menor necessidade de preço emergencial.
Cenário: frete marítimo volátil e dólar forte. Solução: repasse por Bunker Adjustment Factor e Currency Adjustment Factor standard; NDF para despesas em USD; mix de dívida com amortização por safra de importações. Resultado: margem por TEU estabilizada e CET previsível.
🔬 Risco cambial — perda marginal 🏗️ Linhas BNDES — prazos e carência 📑 Mercado de Capitais — simular emissão 💳 Antecipar Recebíveis — calcular CET 💠 Aurum — CET comparativo
Quando a fórmula é clara, pública e simétrica, melhora a relação. O cliente sabe “quanto, quando e por quê” reajusta. Transparência troca briga por dados.
Apenas se houver hedge natural em USD (receita) ou proteção via swap. Dolarizar passivo por “custo menor” sem cobertura é aposta macro.
Use o “derivativo de papel”: contrato com fórmula clara de fuel surcharge, baixa defasagem e banda de neutralidade pequena.
Evite extremos. Cubra o firme (pedidos/rotas confirmadas) e uma fração do provável; use buckets para suavizar datas e evite over-hedge.
Hedge “bom” reduz MtB (desvio do orçamento). O objetivo não é lucrar no derivativo, e sim proteger margem e covenants.
Logística: diesel, frete e repasse — como proteger margem com contratos, hedge e funding
Resumo executivo
Como o diesel entra no seu DRE (e por que dói tanto)
Formação do frete: do diesel ao CFOP
Fuel surcharge (gatilhos de repasse) que funcionam
Hedge: câmbio e combustível (proteção ≠ aposta)
Funding de capital de giro: prazo certo, indexador certo
KPIs que realmente importam (e como medir)
Armadilhas que comem margem
Exemplos práticos (ilustrativos)
Transportadora rodoviária fracionada
Operador de e-commerce (fulfillment + last mile)
Agente de carga internacional
Playbook de 90–180 dias: do improviso ao processo
FAQ — dúvidas rápidas
Repasse automático afasta clientes?
Vale usar dívida em USD para pagar frete/peças?
E se não houver mercado para hedge de diesel?
Qual cobertura de hedge adotar?
Como explicar hedge que deu prejuízo?
Qual é a Sua Reação?
Like
0
Não Curtir
0
Love
0
Engraçado
0
Irritado
0
Triste
0
Uau
0