GX Explica: Estrutura Sênior x Subordinada — como definir o colchão de risco no FIDC
Entenda a diferença entre cotas Sênior e Subordinada em FIDC, como funciona o waterfall de pagamentos, percentuais recomendados e erros comuns na subordinação de recebíveis.

GX Explica: Estrutura Sênior vs. Subordinada em FIDC
Tempo de leitura: 7 min
O que são cotas Sênior e Subordinada?
Em um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) os investidores compram cotas. Para controlar risco, essas cotas são divididas em duas grandes camadas:
- Cotas Sênior — têm prioridade de recebimento dos fluxos de caixa do fundo e suportam perdas somente depois que o “colchão” subordinado é consumido.
- Cotas Subordinadas — absorvem as primeiras perdas e, por isso, recebem remuneração maior; geralmente adquiridas pela empresa cedente ou patrocinador.
Por que essa estrutura é crucial?
- Protege o investidor Sênior — reduz risco de inadimplência percebido, possibilitando taxa mais baixa.
- Viabiliza rating — agências exigem subordinação mínima para atribuir nota, abrindo portas a fundos de pensão e seguradoras.
- Alinha interesses — cedente mantém “skin in the game” comprando cotas Subordinadas.
- Flexibiliza crédito — permite financiar recebíveis de maior risco sem onerar toda a estrutura.
Como funciona o “waterfall” de pagamentos?
Todo mês, os sacados pagam os direitos creditórios. O administrador segue esta ordem:
- Reserva de despesas do fundo (taxa de administração, custódia).
- Juros e amortização das Sênior.
- Juros e amortização das Subordinadas.
- Excesso de caixa volta ao cedente ou é reinvestido.
Se houver default e faltar dinheiro, primeiro se reduz o saldo das cotas Subordinadas; só depois afeta as Sênior.
Exemplo prático
Fundo Alpha: carteira de duplicatas R$ 100 mi, prazo médio 120 dias.
Classe | Percentual PL | Remuneração |
---|---|---|
Sênior | 80 % (R$ 80 mi) | CDI + 1,0 % a.a. |
Subordinada Mezanino | 10 % (R$ 10 mi) | CDI + 3,0 % |
Subordinada Júnior | 10 % (R$ 10 mi) | CDI + 6,0 % |
Se a inadimplência atingir R$ 8 mi, ela será inteira absorvida pelas cotas Subordinadas, mantendo a renda dos cotistas Sênior.
Quanto colocar em Subordinadas?
Depende de:
- Qualidade da carteira (rating dos sacados, histórico de perda).
- Concentração — carteiras pulverizadas exigem menos colchão.
- Classe de ativo — consignado ≠ crédito judicial ≠ agronegócio.
- Nível de rating buscado (AA, A ou BBB).
Prática de mercado: 10-20 % para recebíveis de baixo risco; 25-40 % para carteiras não-padronizadas.
Sênior vs. Subordinada em uma frase
Sênior = proteção + rentabilidade moderada. Subordinada = risco alto + upside maior + obrigação de primeiro prejuízo.
5 erros comuns na estrutura de cotas
- Fixar subordinação baixa para ganhar yield e, depois, perder rating.
- Deixar lastros heterogêneos sem tranching por risco.
- Prometer resgate para Subordinada — fere conceito de cobertura de perda.
- Não acompanhar over-collateral diário, gerando descasamento.
- Registrar cotas Subordinadas em nome de entidade diferente do cedente (desalinhamento).
Quer modelar a subordinação ideal do seu FIDC?
Use simulador de FIDC da Aurum AI e receba simulação de perdas, rating alvo e custo de capital em minutos.
Qual é a Sua Reação?






