Covenants sem trauma: DSCR, alavancagem e cláusulas que não travam o negócio
Como negociar e operar covenants que reduzem spread e preservam liquidez — DSCR, alavancagem e cláusulas com remédios e headroom.
Tempo de leitura: 22 min
Covenants não são “armadilhas” por definição: são regras de convivência entre a empresa e quem financia, para reduzir assimetria de informação e precificar risco com mais justiça. Um pacote bem desenhado — DSCR realista, alavancagem com headroom, gatilhos de remediação e exceções operacionais — reduz spread, alonga prazo e evita renegociações traumáticas. Já cláusulas copiadas e coladas, sem aderência ao fluxo, geram risco de quebra técnica mesmo com o negócio saudável. Este guia resume como preparar o dossiê, negociar os indicadores e operar a disciplina sem paralisar a empresa.
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Definição-base: DSCR = (Caixa Operacional + Outras Fontes Elegíveis) / Serviço da Dívida no período de teste (geralmente 12 meses). Para evitar ambiguidades:
Remédios (cures) saudáveis: equity cure limitado (injeção de capital para recompor DSCR), cash sweep temporário, reforço de garantias, restrição parcial de dividendos. Evite cures ilimitados (viram “borracha”).
O covenant de Dívida Líquida/EBITDA precisa refletir a trajetória do plano. Em vez de um número fixo por 5 anos, proponha uma curva:
Inclua exceções para one-offs (despesas não recorrentes) e para M&A de pequeno porte (baskets) controlados por alavancagem pro forma. Transparência e métricas auditáveis evitam ruído com credores.
Em vez de proibição ampla, negocie régua condicional: payout liberado quando alavancagem ≤ alvo e DSCR ≥ hurdle (ex.: 1,30x), com carve-outs para JCP/stock options.
Permita novas dívidas até limites definidos (fixed charge coverage test e basket de capex) e refinanciamentos sem piora de prazo/garantia. Proíba endividamento pari passu fora da estrutura acordada.
Evite amarras que impeçam financiamentos de projetos com garantias segregadas (ring-fenced). Carve-out para FIDC, patrimônio de afetação e leasing operacional.
Cláusula padrão, mas negocie opção de recompra (put) com prêmio razoável e período de transição para reorganização societária.
Prefira cross-acceleration (só dispara após aceleração em outro contrato) e limite a materialidade (≥ x% da dívida total).
Defina objetivamente (ex.: perda de licença-chave) e exclua eventos macroeconômicos genéricos fora do controle do emissor.
Garantias bem estruturadas costumam comprar bps de spread se vierem com governança:
Problema: picos de caixa no verão e vales no inverno provocavam DSCR <1,0x em meses isolados, apesar de 12m saudável. Solução: DSCR testado por rolling 12 e conta DSRA de 3 parcelas; carência de principal no inverno. Resultado: spread −60 bps sem risco de default técnico.
Problema: teto fixo de 3,0x inviabilizava acquihire de operação regional. Solução: curva com 4,0x→3,0x em 24 meses; basket de M&A de até 0,5x com pro forma e “step-down” automático. Resultado: aquisição aprovada, sinergias capturadas e headroom preservado.
Problema: CDI↑ e BRL volátil derrubavam DSCR trimestral. Solução: swap parte CDI→IPCA e NDF de receita USD; bandas contratuais com clientes. Resultado: DSCR estabilizado >1,35x; redução de 40 bps de spread na reprecificação anual.
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Depende do setor e da volatilidade. Como referência, projetos estáveis operam com DSCR alvo entre 1,30–1,50x, enquanto negócios cíclicos pedem gorduras maiores.
Não. Ajuda pontualmente, mas deve ter limite e não substituir ajustes operacionais. Cures ilimitados prejudicam credibilidade.
Use pro forma para alavancagem e baskets para aquisições menores, condicionados a metas futuras. Evita travar crescimento.
Sim, via step-downs automáticos quando DSCR/ alavancagem atingem níveis-alvo por períodos contínuos.
Sim, se forem vagos. Por isso, defina termos, materialidades e remédios com clareza e mantenha reporting tempestivo.
Negociar DSCR, alavancagem e cláusulas com definições claras, remédios graduais e headroom alinhado ao plano transforma o covenant em aliado: você paga menos pelo capital, evita rupturas contratuais e mantém a empresa livre para executar. A chave é processo — dados consistentes, calendário de testes, ALM e hedge para reduzir volatilidade — e comunicação transparente com credores. Covenant sem trauma existe; chama-se governança aplicada ao crédito.
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Covenants sem trauma: DSCR, alavancagem e cláusulas que não travam o negócio
Resumo executivo: covenant certo barateia o funding e evita dor de cabeça
O essencial, em linguagem direta
Como preparar o terreno antes da negociação
DSCR na prática: definindo sem truques
Alavancagem que não imobiliza a operação
Cláusulas que merecem lupa (e como deixá-las do seu lado)
1) Dividendos e distribuições
2) Debt incurrence
3) Negative pledge
4) Change of control
5) Cross-default / Cross-acceleration
6) MAC (Material Adverse Change)
Garantias e contas-reserva que reduzem spread (sem sufocar)
Como operar os covenants sem travar o negócio
Estudos de caso sintéticos (com números redondos)
Indústria de bebidas — sazonalidade e DSCR
Distribuidor B2B — alavancagem e M&A tático
Exportador agro — índice e volatilidade
Playbook 90/180/360 dias
Em 90 dias
Em 180 dias
Em 360 dias
Erros comuns (e antídotos rápidos)
FAQ (perguntas frequentes)
O que é um bom DSCR alvo?
Equity cure “resolve tudo”?
Como tratar M&A no covenant?
Posso atrelar redução de spread a covenants?
Covenants geram risco jurídico?
Conclusão: covenants que disciplinam sem imobilizar
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