Construção — como juros e cronograma de obras impactam CET, DSCR e prazo
Curva-S, escolha de indexadores (CDI+/IPCA+/TLP/prefixado), CET, DSCR, hedge por marcos e playbook de 90–180 dias.
Juros moldam a obra: definem custo do terreno e do capital, ritmo de vendas, financiamento ao cliente e o preço da dívida que banca o canteiro. Quando a curva abre, cronogramas esticados viram juros sobre juros no capital de giro; quando fecha, surgem janelas para prefixar parte do custo e “arrumar a casa”. Este guia traduz, sem economês, como CDI+, IPCA+, TLP e prefixado impactam o cronograma físico-financeiro, como enxergar a obra em uma curva-S de desembolsos, quais estruturas de crédito usar (banco, BNDES, mercado), como medir CET, DSCR e headroom, e onde o hedge (câmbio/commodities) se conecta ao orçamento. Trazemos armadilhas reais, exemplos práticos e um playbook de 90–180 dias para sair do improviso. No fim, CTAs levam a simuladores que colocam números (não adjetivos) na mesa.
Uma obra típica tem um cronograma físico (atividades: terraplanagem, fundação, estrutura, vedação, instalações, acabamento) e um cronograma financeiro que acompanha a curva de custos. Essa curva, em formato de “S”, começa lenta (projeto, licenças), acelera no meio (estrutura e instalações) e desacelera no fim (acabamento, comissionamento). Juros entram em quatro pontos:
Regra prática: uma obra se atrasa no papel quando o cronograma financeiro ignora o efeito cumulativo de juros; cada mês a mais na fase de pico custa mais do que no início.
O segredo é blend: combine indexadores para equilibrar previsibilidade (prefixado), proteção real (IPCA+/TLP) e opcionalidade (CDI+). Depois traga tudo para uma base (nominal esperado ou real) antes de comparar o CET.
A curva-S concentra 50–70% dos desembolsos entre os meses “T2–T3” da obra (miolo). O custo de atraso é não linear: atrasar um mês no pico consome mais caixa (juros + mobilização + custos indiretos) que atrasar no começo. Três recomendações práticas:
Curta duração, garantias de terreno e cessão de recebíveis. Prefira amortização durante a obra para evitar “muro” na virada.
Banco (CDI+/prefixado), mercado (debêntures/NP/LC) e, em projetos elegíveis, BNDES/TLP. Misture fontes para reduzir spread e alongar prazo.
Equipamentos e eficiência energética cabem em TLP/IPCA+ amortizante. Reduzem OPEX e, muitas vezes, o spread pela natureza “verde/eficiente”.
Se a obra gera caixa operacional, planeje DSCR mínimo e amortização compatível (SAC/SACRE). Em incorporação, planeje o repasse para reduzir estoque financiado.
CET inclui taxa, fees, seguros, garantias, estruturação, perfil de amortização (bullet x amortizante) e custo de hedge. Para IPCA+/TLP (base real), projete IPCA esperado e converta para nominal esperado; para CDI+, rode cenários da curva; para prefixado, avalie custo de oportunidade se a curva cair. Compare o custo em R$ por m² ou por MW/t/m de capacidade e o impacto no DSCR.
Obras têm componentes importados (aço especial, painéis, equipamentos, elevadores) e serviços indexados. Três camadas de proteção:
Mandatório: vincule o hedge aos fluxos físicos. “Virar a mão” desacoplado da obra é aposta, não proteção.
🌎 Risco cambial — perda marginal (CAPEX/insumos) 💠 Aurum — comparar CET (CDI+/IPCA+/TLP/prefixado)
Cenário: curva de vendas desacelera com alta de juros; estoque pronto cresce. Solução: alongar dívida via debênture/NP amortizante, prefixar 40% do custo; reforçar repasse e campanhas de crédito ao cliente; NDF para elevadores/insumos importados nos marcos. Resultado: CET cai e “muro” de vencimentos some.
Cenário: equipamentos em USD, lead time longo. Solução: NDF por pedido/embarque/desembaraço; contrato de preço com fórmula para aço; financiamento TLP amortizante; swap parcial para reduzir volatilidade de despesas financeiras. Resultado: DSCR estável na ramp-up.
Cenário: receita real; obra em 14 meses. Solução: dívida IPCA+/TLP, prefixar parte do OPEX financeiro; cláusulas de performance e buffer de contingência; cash sweep parcial pós-COD. Resultado: headroom confortável e risco de waiver baixo.
🏗️ Simular Linhas BNDES — TLP/IPCA+ (obras e equipamentos) 💠 Aurum — CET por fonte e blend ótimo 📊 Mercado de Capitais — debêntures/NP/LC 💳 Antecipar Recebíveis — calcular CET 🌎 Risco Cambial — perda marginal (importados)
Concentração é perigosa. CDI+ dá opcionalidade, mas um blend com IPCA+/TLP e um pouco de prefixado reduz o serrilhado de caixa e o risco de refinanciamento.
Não. Depende do IPCA realizado. Traga IPCA esperado e compare nominal esperado de IPCA+ com a taxa prefixada disponível. Compare no CET, não só na taxa.
O objetivo é reduzir desvio do orçamento, não lucrar. Hedges bons às vezes registram prejuízo contábil e ainda assim protegem a margem.
Mostre a simulação da curva-S com contingência, o blend de dívida e o hedge por marco. A régua é MtB (mark-to-budget), não o P&L isolado do derivativo.
Somente com hedge natural (receita em USD) ou swap para BRL. Caso contrário, você especula no macro e aumenta o risco de waiver.
Construção: juros e cronograma de obras — como planejar caixa, contratar crédito e evitar atrasos caros
Resumo executivo
Como os juros entram na obra (do papel ao canteiro)
Indexadores: CDI+, IPCA+, TLP e prefixado — quando usar cada um
Curva-S, desembolsos e custo de atraso
Estruturas de financiamento por fase da obra
1) Ponte de terreno e mobilização
2) Giro de obra
3) CAPEX específico
4) Pós-obra
Como comparar CET (maçãs com maçãs)
Hedge: onde proteger (e onde é aposta)
KPIs que o comitê precisa ver
Armadilhas que encarecem a obra (e como evitar)
Exemplos práticos (ilustrativos)
Edifício residencial com VSO sensível a juros
Hospital (EPC) com CAPEX em equipamentos importados
Parque solar com PPAs indexados a IPCA
Playbook de 90–180 dias: do papel à execução sem sustos
FAQ — dúvidas rápidas
É melhor financiar a obra toda em CDI+ porque “vai cair”?
IPCA+ é sempre mais barato que prefixado?
Hedge de câmbio “dá lucro”?
Como explicar “obra atrasou, mas o orçamento segurou”?
Posso usar dívida em USD para equipamentos importados?
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