Selic, CDI e IPCA — o que muda para janeiro (guia prático para tesourarias)
Como o trio Selic–CDI–IPCA influencia caixa, dívida, preço e CAPEX no início do ano.
Janeiro é o mês da virada de contratos, orçamentos e metas. Três siglas mandam no jogo: Selic (a taxa básica definida pelo Copom), CDI (a taxa efetiva do mercado interbancário, normalmente muito próxima da Selic) e IPCA (a inflação oficial ao consumidor). A combinação entre essas variáveis define: (1) o rendimento do cash e das aplicações de curtíssimo prazo; (2) o custo do capital de giro e do financiamento de projetos; (3) a política de preço e as cláusulas de reajuste; (4) a competitividade entre CDI+, IPCA+ e prefixado no caixa e na dívida. Este guia organiza o que muda na prática para o início do ano, com um playbook de 30–90 dias para tesourarias, CFOs e investidores, KPIs para o comitê e armadilhas a evitar. Fechamos com CTAs para simular CET, comparar funding (BNDES/mercado) e calibrar hedge cambial.
Selic é a taxa-alvo da política monetária. Quando sobe, o objetivo é esfriar a demanda e ancorar expectativas de inflação; quando cai, é para estimular crédito e investimento. CDI é a materialização do custo do dinheiro overnight entre bancos; para efeitos práticos, remunera o caixa diário e indexa boa parte do crédito corporativo. IPCA mede o poder de compra — e, portanto, o juro real é a diferença entre o retorno nominal e a inflação esperada.
Para janeiro, três perguntas guiam decisões:
CDI+: escolha natural para liquidez e horizonte incerto; ideal para caixas operacionais e dívidas com amortização variável. Risco: se o ciclo virar rápido, o custo cai, mas você perde a chance de travar barato.
IPCA+: protege poder de compra do caixa e dá visibilidade ao serviço da dívida real. Faz sentido em escadas casadas ao uso planejado e quando o juro real implícito está atraente.
Prefixado: melhor em ambiente de queda de juros adiante e inflação estável. Para dívida, evita “surpresas” de fluxo; para caixa, exige disciplina de horizonte (não iliquide o que é de curto prazo).
Faça um mutirão de 48–72 horas para listar contratos que viram índice ou renovam em janeiro: aluguel, serviços recorrentes, logística, SaaS, PPAs, manutenção, seguros e financiamentos. Aplique três etiquetas:
Com o mapa, renegocie prioridades: reduza defasagens, troque indexador quando fizer sentido, e proponha gatilhos de reequilíbrio quando insumos-chave explodirem.
Contexto: custos em USD, vendas em BRL com repasse parcial. Ação: dívida CDI+ no curto; swap parcial CDI→USD para alinhar DSCR; NDF por lote de importação; revisão trimestral de preço por IPCA + câmbio. Resultado: menor volatilidade de margem.
Contexto: DSO alto no cartão e pico de caixa em janeiro. Ação: descontos no PIX baseados em economia de CET; antecipação seletiva com teto; caixa D+0 em CDI+; renegociação de aluguel indexado a IPCA com cap. Resultado: giro mais rápido e custo de capital menor.
Contexto: OPEX em cloud (USD) e receita em BRL. Ação: NDF mensal para 70% do consumo; cláusula semestral de reajuste por IPCA+câmbio; caixa estratégico em IPCA+ curto. Resultado: previsibilidade de OPEX.
💠 Aurum — comparar CET (CDI+, IPCA+, prefixado) 🏛️ Linhas BNDES — prazos, carência e custo 📊 Mercado de Capitais — debêntures/NP/LC 🌎 Risco Cambial — perda marginal por buckets
Não. A Selic é a meta definida pelo Copom; o CDI é a taxa efetiva do mercado interbancário. Na prática, se movem muito juntos — e o CDI é o que remunera boa parte do caixa e indexa muitos contratos.
Não necessariamente. Prefira escadas e combine indexadores. Prefixar parte reduz incerteza, mas exige convicção sobre a trajetória de juros; IPCA+ protege poder de compra; CDI dá flexibilidade.
Revise o índice, a base (mês de referência) e a defasagem. Negocie gatilhos e cap/floor quando fizer sentido para evitar “surpresas” ao longo do ano.
Para giros elegíveis e projetos com prazo longo, carência e custo estável. Planeje com antecedência: documentação e compliance são parte do CET.
Entram na avaliação do custo de oportunidade em BRL e no mix de dívida. Para o câmbio, use NDF/termo/opções por buckets e alinhe a base (spot/PTAX) com o pricing.
Selic, CDI e IPCA: o que muda para janeiro
Resumo executivo
Selic, CDI e IPCA — como as peças se encaixam
O que muda na prática — caixa, dívida, preço e CAPEX
Caixa e aplicações
Dívida e crédito
Preço e reajuste
CAPEX e TIR
Quando escolher CDI+, IPCA+ ou prefixado
Mapeando contratos e “reset” de janeiro
KPIs para monitorar em janeiro
Armadilhas de virada (e como desarmar)
Exemplos ilustrativos (hipotéticos)
Indústria com insumos dolarizados
Varejo omnichannel
Serviços (SaaS)
Playbook de 30–90 dias (operacional e conselho)
FAQ — dúvidas rápidas
CDI e Selic são a mesma coisa?
Com IPCA em desaceleração, devo migrar tudo para prefixado?
Como ajustar contratos em janeiro?
Quando faz sentido BNDES/TLP?
Tenho receita/custo em USD. Onde entram Selic/CDI/IPCA?
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