Juro real vs. juro nominal: como calcular e quando usar
Diferença entre taxa real e nominal com a fórmula exata, exemplos e impactos em CET, WACC, caixa, CAPEX e hedge.
Tempo de leitura: 14 min
Juro nominal é a taxa “de etiqueta” que você vê no contrato (CDI, IPCA+7%, prefixado), enquanto juro real é a taxa descontada da inflação. Na prática, CFOs e tesourarias tomam decisões em moeda corrente (nominal) mas medem retorno econômico em poder de compra (real). Confundir as duas perspectivas distorce CET (custo efetivo total), WACC e a aprovação de CAPEX. Este guia explica como converter corretamente, quando usar cada régua, mostra exemplos numéricos, armadilhas comuns, um playbook de 90–180 dias e CTAs para simular cenários de crédito, mercado de capitais, BNDES e risco cambial.
Regra de bolso: compare maçãs com maçãs. Fluxos atualizados por inflação (IPCA) pedem taxa real; fluxos em moeda corrente, taxa nominal.
A versão correta de conversão entre taxa nominal (i), inflação (π) e taxa real (r) é:
(1 + i) = (1 + r) × (1 + π) → r = (1 + i)/(1 + π) − 1
Exemplo: uma debênture IPCA+6,5% com IPCA projetado de 4,5% ao ano gera nominal esperado aproximado de ~11,4% a.a. Usando a fórmula exata: Armadilha comum: subtrair inflação da taxa nominal (i − π) é aproximação válida só em taxas baixas. Em Brasil, use a fórmula exata.
O CET deve ser calculado em nominal e depois convertido para real caso você queira medir ganho de poder de compra. Inclua indexador (CDI/IPCA), spread, taxas, IOF/IR do investidor (quando aplicável), seguros/garantias e perfil de amortização.
💠 Calcular CET nominal x real (Aurum) 🏛️ Comparar linhas BNDES (TLP / IPCA)
Consistência é tudo: fluxo real → WACC real; fluxo nominal → WACC nominal. Se você tem composição de dívida em CDI e IPCA+, traga tudo para a mesma base (nominal ou real) antes de agregar.
Projetos avaliados em termos constantes (sem inflação embutida) devem ser comparados a uma taxa real. Projetos com receitas reajustadas por IPCA e custos parcialmente indexados pedem modelagem nominal com premissas de inflação e repasses.
Dica: para escolher entre IPCA+ e prefixado, simule cenários de inflação (otimista/base/estressado) e compare o nominal esperado do IPCA+ com o prefixado disponível.
Com CDI elevado, o caixa “rende” bem — mas parte disso pode ser apenas inflação. Crie escada de liquidez (D+0/D+1; 30–90; 180–360), defina benchmarks de CDI líquido e reporte duas visões: retorno nominal (para orçamento) e retorno real (para conselho/estratégia).
Checklist do caixa
Seu passivo pode falar três idiomas: CDI, IPCA+ e prefixado. O “bilinguismo” correto reduz risco:
Se parte do seu CAPEX é dolarizada (equipamentos importados), o custo nominal sobe quando o câmbio piora — e isso pode “vazar” para a inflação. Ao projetar, evite dupla contagem (ex.: elevar inflação e câmbio ao mesmo tempo sem consistência). Para previsibilidade:
🌎 Simular perda marginal por câmbio 🏦 GX Wealth — governança de caixa
Projeto A pode ser financiado por debênture IPCA+6,0%. Com IPCA base 4,0%, o nominal esperado é ~10,24% ( Giro curto tende a preferir CDI+ (menor fricção e alinhado ao custo de oportunidade do caixa). Para estoques indexados por inflação, pode fazer sentido IPCA+ em prazos maiores — mas avalie mismatch de indexadores.
🧮 Aurum — comparar CET (nominal x real) 📊 Mercado de Capitais — debêntures/NP/LC 🏛️ Linhas BNDES — TLP/IPCA 🌎 Risco cambial — perda marginal
Não. Use real quando os fluxos estiverem em termos constantes; para orçamento, CET e contabilidade do dia a dia, a régua correta é nominal.
Depende do IPCA realizado. IPCA+ protege poder de compra, mas o custo nominal pode superar o prefixado se a inflação rodar acima do esperado.
Não. Ele é nominal. A inflação afeta seu resultado via custos e preços. CDI+ facilita capturar quedas de juros; protege menos contra choques de inflação.
Traga tudo para a mesma base (nominal) e calcule CET after-tax. Se quiser avaliar poder de compra, converta o CET nominal para real com a inflação esperada do período.
Desvio mínimo do orçamento (em nominal) e preservação de margens em termos reais ao longo do ciclo.
Juro real x juro nominal: a diferença prática (e como isso muda seu CET, WACC e CAPEX)
Resumo executivo
Definições rápidas (sem economês)
Como calcular: a identidade de Fisher (e a versão exata)
(1+0,065)×(1+0,045)−1 ≈ 0,1139 (11,39% a.a.). O real é 6,5% a.a.; o nominal esperado depende da inflação futura.
Quando usar juro nominal x juro real
Impacto em CET, WACC e aprovação de projetos
1) CET (Custo Efetivo Total)
2) WACC
3) CAPEX e TIR
Indexadores brasileiros e “traduções” úteis
Política de caixa: medir retorno de verdade
Crédito: escolher o “idioma” da sua dívida
Hedge: inflação e câmbio sem “dupla contagem”
Exemplos práticos (ilustrativos)
Comparando IPCA+ com prefixado
(1,06×1,04)−1). Um prefixado a 11,2% custa mais no cenário base, mas pode ser melhor se o IPCA realizado subir acima de ~4,9%. Simule cenários e considere volatilidade.
CDI+ x IPCA+ para giro
Armadilhas que encarecem seu custo sem você perceber
Tabela-resumo: qual régua usar
Decisão
Fluxo
Taxa correta
Por quê
Orçamento anual e CET
Nominal
Nominal
Pagamentos e receitas acontecem na moeda corrente.
Valuation em termos constantes
Reais (sem inflação)
Real
Consistência entre fluxo e desconto.
Comparar IPCA+ x prefixado
Nominal (trazendo IPCA esperado)
Nominal equivalente
Ambas as opções na mesma base.
Playbook de 90–180 dias
FAQ — perguntas rápidas
Posso usar juro real para tudo?
IPCA+ sempre é melhor que prefixado?
CDI+ é “neutro” à inflação?
Como comparar propostas de bancos diferentes?
Qual a régua de sucesso do hedge?
Qual é a Sua Reação?
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