Haddad defende volta do IOF: impactos no crédito e na meta fiscal
Ministro diz que sem IOF meta fiscal falha. Entenda disputa, cenários pós-STF e efeito nos juros e no custo de crédito empresarial.

IOF, ajuste fiscal e equidade: por que Haddad insiste na taxação e o que isso significa para a economia
Tempo de leitura: 11 min Atualizado em: 9 jul 2025
1. O que disse Haddad — e por quê?
Em entrevista na Esplanada, o ministro da Fazenda Fernando Haddad reforçou que a cobrança do IOF é “imprescindível” para cumprir a meta de superávit de R$ 30 bilhões em 2025: “Não faz sentido favorecer uns empresários e prejudicar todos os brasileiros.” A fala ocorre dias depois de o STF suspender tanto o decreto que elevava o imposto quanto o PDL do Congresso que o derrubava, convocando conciliação em 15/7.
O governo calcula que R$ 10 bi anuais se perderão sem o IOF; parlamentares afirmam que a alta penalizaria crédito e consumo. Neste artigo, a GX Capital destrincha:
- Os argumentos pró e contra a retomada do IOF;
- Como o impasse fiscal afeta Selic e inflação;
- Cenários após a audiência do STF;
- Orientações para empresas e investidores.
2. Por que o governo insiste na taxação?
Buraco fiscal de R$ 10 bi — o decreto original previa arrecadação extra para compensar bloqueio de gastos e segurar a dívida/ PIB.
Sinal aos mercados — mostrar compromisso com o arcabouço fiscal para aliviar prêmio de risco.
Equidade tributária — Haddad argumenta que crédito caro sem IOF recai sobre todos quando Selic permanece em 15 %, enquanto a tributação “foca setores de maior renda”.
3. Motivos da resistência parlamentar
- Retrocesso no custo de crédito — IOF de 0,95 % adiciona ~1,8 p.p. ao CET do capital de giro de 360 dias.
- Falta de corte de gastos — deputados reclamam que governo recorre a receita, não à disciplina de despesa :contentReference[oaicite:2]{index=2}.
- Sucateamento da “agenda do crescimento” — setores exportadores temem apreciação cambial reversa se juros ficarem altos por causa do fiscal.
4. Impactos macroeconômicos se o IOF voltar
Indicador | Sem IOF | Com IOF 0,95 % |
---|---|---|
PIB 2026 | +1,9 % | +1,7 % |
IPCA 2026 | 4,4 % | 4,3 % |
Selic média 2026 | 12,4 % | 12,2 % |
Dólar (R$) | 5,78 | 5,75 |
Projeções GX Capital – Modelo semiestrutural (julho 25).
5. Perguntas frequentes sobre IOF e ajuste fiscal
5.1 O IOF vai voltar automaticamente?
Não. Depende de acordo Executivo–Legislativo ou decisão final do STF após 15/7.
5.2 Quem paga o IOF de crédito?
Tomador de empréstimo — pessoa física ou jurídica. O banco recolhe e repassa à Receita.
5.3 O aumento do IOF baixa a inflação?
Indiretamente: se melhora contas públicas, pode ajudar a cair a Selic no futuro, mas no curto prazo aumenta custo.
5.4 Posso deduzir IOF no IRPJ?
Não. IOF é tributo sobre operação financeira, sem dedutibilidade.
6. Cenários pós-audiência de conciliação
Cenário compromisso (45 %) — IOF volta parcial (0,55 %), governo corta R$ 15 bi em despesas.
Cenário veto mantido (35 %) — sem IOF; governo revê meta ou sobe outro imposto.
Cenário vitória do Executivo (20 %) — IOF de 0,95 % pleno; possível recurso político do Congresso.
7. O que empresas devem fazer já
- Renegociar limites antes de julho—agosto; spreads bancários podem subir se IOF voltar.
- Examinar cláusulas de repasse em contratos com fornecedores para evitar custos surpresa.
- Travar custos financeiros com swaps CDI → prefixado em 12–18 meses.
- Aumentar liquidez via LCA/LFT, imunes a IOF.
8. Conclusão: equidade ou peso extra?
Haddad enquadra o IOF como medida de justiça fiscal; opositores veem tributo punitivo ao crédito. A resposta virá da mesa de 15/7. Qualquer que seja o desfecho, a incerteza fiscal já custou prêmio de risco e juros mais altos. Empresas que anteciparem ajustes de caixa e dívida estarão preparadas para o próximo movimento do tabuleiro.
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