IOF Revogado: impactos no crédito e câmbio para empresas

Congresso anulou alta do IOF; crédito volta a ficar mais barato e hedge cambial mantém custo. Entenda os efeitos e como proteger a margem da sua empresa.

Jun 26, 2025 - 10:22
 0  3
IOF Revogado: impactos no crédito e câmbio para empresas
IOF Revogado: impactos no crédito e câmbio para empresas

IOF sem aumento: entenda as consequências da decisão do Congresso para empresas e investidores

Tempo de leitura: 11 min  |  Atualizado em: 27 jun 2025

1. Introdução

Em 25 de junho de 2025, Câmara e Senado derrubaram, por ampla maioria, o decreto presidencial que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em crédito, câmbio, remessas internacionais e previdência privada.1 A revogação implica perda de cerca de R$ 10 bilhões em arrecadação anual estimada — valor que o governo pretendia usar para cumprir a nova meta de superávit de R$ 30 bilhões.2

Este artigo explica:

  • O que exatamente foi derrubado e o que continua valendo;
  • Impactos macro e fiscais imediatos;
  • Consequências para empresas que captam crédito, fazem hedge cambial ou securitizam recebíveis;
  • Estratégias recomendadas pela GX Capital para proteger margem de lucro em 2025–26.

2. O que caiu e o que continua valendo?

Operação Alíquota antes do decreto Decreto (agora revogado) Situação atual
Crédito Pessoa Jurídica 0,38 % 0,95 % 0,38 % (volta ao nível anterior)
Risk-Sacado / Supply Chain Finance Alíquota diária 0,0082 % +0,95 % fixo inicial Mantém só a alíquota diária
Câmbio pronto e turismo 1,1 % 2,2 % 1,1 %
PGBL, VGBL e previdência aberta 0 % 0,3 % 0 %
Aquisição primária de FIDC 0 % 0,38 % 0 %

A Medida Provisória 1303 — que mexe em IR sobre LCIs, LCAs e debêntures incentivadas — não foi afetada e continua tramitando.2

3. Bastidores políticos da derrubada

O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que anulou o aumento foi aprovado na Câmara por 383 × 98 votos e no Senado por votação simbólica — magnitude que evidenciou a fragilidade da articulação governista.3

Parlamentares alegaram que a elevação do IOF prejudicaria:

  • Micro e pequenas empresas dependentes de capital de giro;
  • Cidadãos que contratam crédito consignado e financiamento de veículos;
  • Exportadores que usam risco-sacado para estender prazo a compradores.

Para o governo, a derrota amplia o buraco fiscal e pressiona o ministro da Fazenda a buscar novas fontes de receita ou cortes de gasto obrigatório.4

4. Impactos macroeconômicos

4.1 Contas públicas

A perda de R$ 10 bi equivale a 0,09 % do PIB e compromete um terço da folga necessária para chegar ao superávit de R$ 30 bi em 2025. Economistas veem maior probabilidade de contingenciamento de despesas discricionárias no 2º semestre.

4.2 Mercado de juros

Taxas de DI recuaram levemente (−10 bps) na ponta curta, refletindo menor risco de inércia inflacionária via IOF. Porém o ganho se dissipou rapidamente com a percepção de fragilidade fiscal.

4.3 Câmbio

O dólar fechou estável em R$ 5,48. A derrubada do IOF ajudou a evitar depreciação extra ao sinalizar menor intervenção tributária sobre fluxo cambial.5

5. Efeitos práticos para as empresas

5.1 Crédito e capital de giro

Linhas indexadas ao CDI voltam a ter IOF máximo de 0,38 %. No CET anual, a diferença chega a −1,7 p.p. em contratos de 360 dias. Pequenas empresas que renovam limite a cada 60 dias economizam até R$ 85 mil por R$ 10 mi de capital de giro.

5.2 Supply Chain Finance (risk-sacado)

Sem o adicional de 0,95 %, mantém-se apenas a alíquota diária de 0,0082 % (≈ 3 % a.a.). Programas de antecipação de fornecedores podem seguir competitivos contra duplicata bancária.

5.3 Hedge cambial e M&A

Operações de câmbio continuam com IOF 1,1 %; fusões e aquisições internacionais mantêm custo reduzido, preservando atratividade para cross-border deals.

5.4 Securitização (FIDC)

O mercado de FIDC respira aliviado: um IOF de 0,38 % no primário adicionaria até 0,7 p.p. ao CET do cedente. Mantida a isenção, a antecipação de recebíveis segue 40 % mais barata que o “desconto de duplicata” bancário.

6. Recomendações práticas da GX Capital

  1. Renegociar capital de giro • Ajuste contratos para refletir IOF 0,38 % imediatamente.
  2. Aumentar uso de FIDC • Com isenção mantida, securitize recebíveis para liberar caixa a CET de 12 %–14 % a.a.
  3. Hedge cambial seletivo • Aproveite câmbio estável para travar até 40 % das exposições previstas a 6 meses.
  4. Planejamento tributário • Monitore MP 1303; prepare cenários de crédito imobiliário e agro se LCI/LCA perderem isenção.

Todas essas ações podem ser simuladas em minutos na plataforma Aurum AI da GX Capital.

7. Perguntas frequentes

A Medida Provisória 1303 pode restabelecer o IOF?
Não. O texto da MP trata de IR em investimentos, não de IOF. O governo teria de editar novo decreto ou propor lei.
O governo pode questionar a derrubada no STF?
Sim, mas especialistas veem baixa chance de sucesso, pois o Legislativo tem prerrogativa de sustar atos do Executivo (CF, art. 49).
Há risco de “efeito sanfona” com novo aumento?
Sempre existe, mas o custo político subiu após derrota expressiva. Alternativas de arrecadação via apostas, combustíveis ou royalties devem ganhar força.

8. Conclusão

A revogação do aumento do IOF reduz custos de crédito e câmbio para empresas, mas evidencia o impasse fiscal do governo. Para o setor produtivo, a lição é clara: manter flexibilidade financeira e diversificar fontes de funding são as melhores defesas contra a volatilidade tributária.

▶️ Simular alternativas de crédito sem IOF extra

Referências

  1. CNN Brasil, “Congresso derruba alta do IOF; o que muda para o governo?”, 25 jun 2025. :contentReference[oaicite:0]{index=0}
  2. InfoMoney, “IOF: como fica o imposto após o Congresso derrubar o decreto do governo?”, 26 jun 2025. :contentReference[oaicite:1]{index=1}
  3. InfoMoney, “Revogação da alta do IOF agrava crises política e fiscal”, 26 jun 2025. :contentReference[oaicite:2]{index=2}
  4. Reuters, “Brazil Congress nixes Lula’s financial transactions tax hike”, 25 jun 2025. :contentReference[oaicite:3]{index=3}
  5. InfoMoney, “Dólar ronda estabilidade com derrubada do IOF”, 26 jun 2025. :contentReference[oaicite:4]{index=4}

Qual é a Sua Reação?

Like Like 0
Não Curtir Não Curtir 0
Love Love 0
Engraçado Engraçado 0
Irritado Irritado 0
Triste Triste 0
Uau Uau 0
Vinicius Teixeira Vinicius Teixeira é especialista com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, atuando com foco em soluções estratégicas para câmbio, crédito estruturado e inteligência financeira para empresas. Ao longo da carreira, ajudou centenas de negócios a tomarem decisões mais inteligentes e rentáveis, sempre com uma abordagem analítica, consultiva e baseada em dados. Fundador da GX Capital, Vinicius combina sua vivência de mercado com o uso de tecnologias avançadas e inteligência artificial para oferecer uma nova geração de serviços financeiros. É também palestrante, tendo participado de eventos e formações voltadas à educação financeira e à transformação digital no setor. No portal da GX Capital, compartilha sua visão sobre o futuro do mercado, tendências econômicas e estratégias práticas para empresas que querem crescer com eficiência e segurança.