Ciclo de lucros dos bancos: JCP, inadimplência e custo de funding
Lucros, spreads e funding em ajuste. Veja como o ciclo bancário afeta investidores e tesourarias — e como refletir isso na sua estratégia.

Leitura: 14–18 min
Com resultados ainda robustos, mas spreads em ajuste e inadimplência subindo na margem, o ciclo dos bancos brasileiros entra em uma nova fase. Entenda como JCP, crédito e custo de funding se conectam — e o que isso sinaliza para investidores e empresas.
Bancos são um espelho do país: quando o lucro cresce, geralmente a economia está aquecida, a inadimplência sob controle e o crédito fluindo. Quando o lucro encolhe, há sinais de aperto financeiro ou mudança no custo do dinheiro. Em 2025, o setor vive um ponto de inflexão: lucros ainda altos, mas com margem financeira apertando e custo de captação (funding) em alta relativa.
Para investidores (PF), o ciclo bancário ajuda a entender o nível sustentável de JCP e dividendos. Para empresas (PJ), revela o direcionamento de spreads e política de crédito que definem o custo de capital.
O Juros sobre Capital Próprio (JCP) é um dos principais canais de remuneração de acionistas no Brasil. Seu volume depende diretamente da geração de lucro líquido ajustado e das regras fiscais. Depois de anos de estabilidade, a tendência recente é de menor payout via JCP e mais uso de dividendos tradicionais, diante de mudanças na tributação e na rentabilidade marginal.
O spread bancário — diferença entre o que o banco cobra no crédito e paga no funding — é a base da margem financeira. Ele é afetado por quatro forças: juros reais, inadimplência, competição e custo regulatório.
O resultado é uma margem financeira líquida em compressão: bancos continuam lucrativos, mas com ROEs mais sensíveis ao mix de produtos e à eficiência operacional.
Após o pico pós-pandemia, a inadimplência estabilizou, mas em níveis mais altos que a média histórica. No crédito PJ, o movimento é desigual: grandes empresas seguem saudáveis; PMEs, mais pressionadas. No PF, o crédito não consignado e o rotativo seguem como pontos de atenção.
O cenário é de inadimplência controlada, mas não benigno. O “freio de mão” impede expansão acelerada, e o crédito cresce apenas nos segmentos de menor risco ou com funding direcionado.
O custo de captação é o fator mais sensível do momento. Com juros elevados por tempo prolongado, os investidores migram de poupança para títulos indexados ao CDI e debêntures de crédito privado, forçando os bancos a remunerar mais seus passivos.
Resultado: o custo médio de funding subiu cerca de 0,5–1 p.p. em relação ao início de 2023. Isso afeta o lucro marginal de cada novo real emprestado.
No Wealth, transformamos dados de lucros, spreads e funding em decisões práticas: exposição a bancos, fundos de crédito, ou oportunidades no mercado de renda fixa e ações de dividendos, tudo de acordo com seu perfil e objetivo.
Ciclo de lucros dos bancos: JCP, inadimplência e custo de funding — leitura para PF e para tesourarias de PJ
Por que olhar o ciclo bancário importa
Lucros e distribuição: o JCP como termômetro
Spreads: o pulso da intermediação
O que está acontecendo agora
Inadimplência: o freio de mão do ciclo
Custo de funding e competição por depósitos
Implicações para PF e PJ
Para o investidor (PF)
Para empresas (tesourarias de PJ)
Cenários para 2025
Cenário
Lucro
Spreads
Funding
Implicação
Base
ROE 15–17%
Estável, leve compressão
Custo alto, mas estável
Lucros ainda robustos, payout seletivo
Altos juros prolongados
ROE 13–15%
Pressão em crédito ao consumo
Funding caro e competitivo
Mais provisões, spreads maiores, lucro moderado
Juros em queda gradual
ROE 17–19%
Spreads estáveis ou ligeiramente menores
Funding melhora
Expansão moderada de crédito e retomada de payout via JCP
Traduza o ciclo dos bancos em estratégia de portfólio
Fontes e leituras recomendadas
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