Real forte, juros altos: como montar o “núcleo” da renda fixa no Brasil
Passo a passo para construir o núcleo da renda fixa com pós, IPCA+ e prefixados, escolhendo durations, comparando líquido e integrando crédito privado com segurança.

Leitura: 14–18 min
Com o real mais estável e juros reais ainda elevados, o investidor tem uma janela rara para construir o “núcleo” da renda fixa — a parte estável, previsível e que sustenta o plano ao longo do tempo. Veja a arquitetura prática (pós, IPCA+ e prefixados), como escolher durations, tributos e como integrar crédito privado com segurança.
Chamamos de núcleo a parcela da sua carteira que dá estabilidade e previsibilidade ao patrimônio. Ele não tenta “bater o mercado” todos os meses; busca preservação de capital real, liquidez suficiente e renda compatível com seus objetivos. Em cenários de real mais firme e juros altos, essa base trabalha a seu favor, reduzindo a dependência de apostas táticas.
É o seu freio ABS. Protege o portfólio quando a curva de juros sobe, guarda a reserva de emergência e permite aproveitar janelas (emissões ou bons preços). Use Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária, LFs/LCs ou fundos DI de baixo custo. Em momentos de juros altos, esse balde carrega boa parte do retorno do núcleo com baixa volatilidade.
O IPCA+ oferece cupom real (acima da inflação). Em janelas de juro real elevado, você trava poder de compra para metas de 3–8 anos. Prefira durations intermediárias (3–6 anos) para reduzir sustos na marcação a mercado; alongar muito é opcional e deve ser tático.
Prefixados ganham valor quando a inflação/juros caem mais do que o mercado já precifica. O papel deles no núcleo é moderado: prazos de 2–4 anos como “tempero” (não como base).
Regra prática de sizing: comece com 40–60% em pós, 25–45% em IPCA+ e 10–20% em prefixados. Ajuste à sua tolerância a risco e horizonte.
Dica: fracionar compras ao longo de semanas reduz o risco de “ponto único” de entrada (e melhora o preço médio).
Crédito privado pode elevar o retorno do núcleo via spread, desde que você priorize qualidade, diversificação e gestores com governança de marcação. Exemplos: debêntures investment grade, CRIs/CRAs sênior e fundos de crédito de baixa/ média duração.
Produtos tributados na tabela regressiva (22,5% → 15%) competem com isentos (LCI/LCA e debêntures incentivadas). Fundos podem ter come-cotas semestral. Ao decidir, compare retorno líquido, prazo e risco, não apenas a taxa “de tela”.
Mesmo com real estável, uma parcela estrutural em USD pode reduzir risco total do portfólio (diversificação de ciclos). No núcleo, ela aparece via bonds globais/ETFs de alta qualidade (acesso local/internacional). Defina bandas (ex.: 10–20%) e rebalanceie por calendário ou desvio.
Conservador — liquidez e estabilidade: 60% pós; 30% IPCA+ (3–6 anos); 10% prefixado (2–3 anos). Crédito privado: até 20% dentro dos baldes (fundos IG).
Moderado — preservar poder de compra com algum prêmio: 45% pós; 40% IPCA+ (4–7 anos); 15% prefixado (3–4 anos). Crédito: até 30% dos baldes, bem pulverizado.
Arrojado (núcleo ainda prudente) — buscar prêmio com risco controlado: 35% pós; 45% IPCA+ (5–8 anos); 20% prefixado (3–5 anos). Crédito: 30–35% dos baldes.
Observação: os percentuais são educacionais; personalize conforme perfil, tributação e objetivos.
No Wealth, você define bandas para pós/IPCA+/prefixado, calibra duration ao seu horizonte, escolhe gestores de crédito e cria uma rotina de rebalanceamento que mantém o plano nos trilhos.
Real forte, juros altos: como montar o “núcleo” da renda fixa no Brasil
O que é o “núcleo” da renda fixa — e por que ele é a peça-chave
Arquitetura do núcleo: 3 “baldes” que se conversam
1) Pós-fixado (CDI/Selic) — liquidez e colchão tático
2) IPCA+ — travar ganho real
3) Prefixados — prêmio para queda de juros
Duration: como escolher prazos sem cair em armadilhas
Crédito privado no núcleo: quando (e como) usar
Impostos e custos: compare sempre o líquido
Real forte ≠ ignorar USD: onde entra o câmbio no núcleo
Como montar o seu núcleo em 5 passos
Exemplos ilustrativos de alocação (núcleo da carteira)
Erros comuns (e como evitar)
Checklist rápido
Monte seu núcleo com disciplina (e sob medida)
Continue aprendendo
Fontes e leituras recomendadas
Qual é a Sua Reação?






