LCI/LCA com IR de 7,5% e debêntures/CRI/CRA isentos: o que muda na sua carteira

Análise da proposta que cria IR de 7,5% para LCI/LCA e preserva a isenção de debêntures incentivadas, CRI e CRA. Entenda impactos práticos, como comparar taxas líquidas e como ajustar sua carteira com a ajuda da GX Capital.

Sep 26, 2025 - 13:20
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LCI/LCA com IR de 7,5% e debêntures/CRI/CRA isentos: o que muda na sua carteira
LCI/LCA com IR de 7,5% e debêntures/CRI/CRA isentos

LCI/LCA com IR de 7,5% e manutenção da isenção para debêntures

 incentivadas, CRI e CRA: o que muda para o seu dinheiro

GX Explica • Tributação de investimentos • Leitura: 12–15 min

Resumo executivo

  • O relator da medida que redesenha a tributação de aplicações financeiras propôs alíquota de 7,5% de IR sobre rendimentos de LCI, LCA, LIG, LH e LCD, que hoje são isentos.
  • Em contrapartida, a proposta mantém a isenção para debêntures incentivadas (infraestrutura), CRI e CRA.
  • Outros pontos do pacote seguem em discussão (como JCP e regras para cripto), mas o foco para o investidor é recalibrar a carteira isenta e comparar, na margem, LCI/LCA com CDBs, Tesouro e fundos de crédito.

Contexto: por que mexer nas isenções?

O objetivo declarado do redesenho tributário é reduzir distorções e priorizar incentivos com efeito econômico mensurável. Na prática, o governo e o Congresso negociam manter estímulos para instrumentos que canalizam capital para infraestrutura e setores estratégicos (debêntures incentivadas, CRI e CRA), ao mesmo tempo em que reduzem a renúncia fiscal em produtos bancários de captação direcionada (LCI/LCA, LIG, LH e LCD).

Do ponto de vista do investidor, a mudança não elimina a atratividade de LCI/LCA, mas exige comparação líquida de taxas com alternativas tributadas pela tabela regressiva. O impacto final dependerá do ajuste de preços que bancos e emissores promoverão após a eventual aprovação.

LCI/LCA com 7,5%: o que muda na sua conta

LCIs e LCAs ganharam espaço pela combinação de isenção, simplicidade e baixo risco de crédito (em emissores sólidos). Com IR de 7,5%, a comparação passa a ser feita no líquido:

  • LCI/LCA: Taxa líquida ≈ taxa bruta × (1 − 0,075).
  • CDB: Taxa líquida ≈ taxa bruta × (1 − alíquota regressiva). Em prazos > 720 dias, 15%.
  • Tesouro Selic/Pré/IPCA+: considerar yield líquido após IR e objetivo (liquidez, volatilidade, duração).

Exemplo didático (não recomendação): se uma LCI pagar 100% do CDI, o líquido com 7,5% seria 92,5% do CDI. Um CDB de 105% do CDI tributado a 15% (prazo longo) gera ~89,25% do CDI líquido. Ou seja: a LCI/LCA pode continuar competitiva dependendo da taxa ofertada. O ponto é que bancos provavelmente ajustarão o spread para manter a atratividade.

Por que debêntures incentivadas, CRI e CRA ficaram isentos

A manutenção da isenção tem racional de política pública: atrair poupança para financiar infraestrutura, construção civil e agronegócio. Esses instrumentos costumam apresentar juros reais interessantes em ciclos de Selic alta e ajudam a alongar o financiamento da economia. Para o investidor, permanecem como importante pilar isento, desde que se observe o básico:

  • Risco de crédito (emissor, setor, garantias, covenants).
  • Duration compatível com o seu horizonte.
  • Liquidez: secundário pode ser raso; muitas vezes, é melhor acessar via fundos com gestão ativa.

Impactos práticos na alocação

1) Precificação de LCI/LCA

Se o IR de 7,5% for aprovado, é razoável esperar ajuste nas taxas oferecidas para LCI/LCA. Bancos tendem a elevar o spread sobre o CDI para compensar a perda da isenção, especialmente em prazos longos. Seu papel como investidor será comparar taxas líquidas de oportunidades equivalentes e evitar concentração em um único emissor.

2) Fluxo para isentos (debêntures/CRI/CRA)

Com a isenção preservada, a demanda por debêntures incentivadas, CRI e CRA deve seguir firme, principalmente se a curva longa permanecer em patamares elevados. Para o portfólio, isso significa manter espaço para juros reais isentos em horizontes mais longos e diversificar por setor e estrutura de garantias.

3) Portfólios “carteira de CDI”

Muitos investidores construíram portfólios concentrados em LCI/LCA pela antiga isenção. Agora, o ajuste natural é rediversificar entre CDBs longos, fundos de crédito high grade e instrumentos isentos (via fundos ou ofertas primárias), sempre casando prazos com objetivos e monitorando custos (taxa de administração/performance).

Como comparar maçã com maçã (passo a passo)

  1. Defina objetivo e prazo do dinheiro (reserva, metas de médio prazo, renda, aposentadoria).
  2. Liste as alternativas equivalentes (LCI/LCA × CDB × Tesouro × fundo de crédito).
  3. Traga a taxa para o líquido aplicando a alíquota correta (7,5% em LCI/LCA; regressivo em CDB/fundos/Tesouro).
  4. Ajuste por risco e liquidez (emissor, rating, garantias, prazos de resgate, mercado secundário).
  5. Escolha o veículo com melhor retorno líquido ajustado a risco para o seu caso — não o maior cupom isolado.

Exemplo ilustrativo de carteira (PF)

Perfil: investidora de 40 anos, objetivos de renda e preservação de poder de compra, horizonte de 5–10 anos.

  • Camada de liquidez (30–35%): pós CDI (Tesouro Selic, CDBs D+0/D+1, fundos DI eficientes) com degraus de resgate (D+0, D+7, D+30).
  • Núcleo de renda fixa (35–40%): mix de pré (2–4 anos) e IPCA+ (4–10 anos) para capturar yield e proteger contra inflação.
  • Isentos e estruturados (15–25%): debêntures incentivadas, CRI/CRA via fundos de gestão ativa, priorizando qualidade de crédito e diversificação.
  • Táticos e globais (até 10–15%): multimercados descorrelacionados e exposição global/dólar para redução de risco local.

Rotina: revisão trimestral; rebalancear se algum bloco desviar > 5 p.p.; monitorar emissões/rolagens e custo de oportunidade.

Se você também tem CNPJ

  1. Liquidity ladder: organize caixa operacional em pós CDI com degraus para folha, impostos e fornecedores, reduzindo risco de timing.
  2. Compare CET/VET: antes de antecipar recebíveis ou captar, simule o Custo Efetivo Total e o Valor Efetivo Total das alternativas; Selic alta muda a resposta.
  3. Mercado de capitais: com isenção preservada no investidor, debêntures de infraestrutura podem seguir atraentes para emissões elegíveis.

Riscos e armadilhas a evitar

  • Concentração em um emissor ou gestor.
  • Duration desalinhada (travar longo com necessidade de caixa curto).
  • Olhar só a taxa bruta: compare sempre líquido e risco.
  • Liquidez ignorada: secundário raso pode punir saídas antecipadas.
  • Custos e impostos: taxa de administração e turnover elevam o IR efetivo e corroem retorno.

Checklist de ação

  • ✔ Recalcule o líquido de suas LCI/LCA com 7,5% e compare com CDBs longos (15%).
  • ✔ Revise a duration do seu núcleo (pré/IPCA+) versus metas e horizonte.
  • ✔ Se buscar isenção, priorize qualidade (gestão ativa, garantias, emissor) em debêntures/CRI/CRA.
  • ✔ Para CNPJ, simule CET/VET antes de decidir entre antecipar, captar ou carregar posição.
  • ✔ Evite concentração e monitore custos.

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Disclaimer: este conteúdo é educacional e não constitui recomendação de investimento ou aconselhamento tributário. As regras podem mudar durante a tramitação legislativa; confirme a norma vigente antes de investir.

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Vinicius Teixeira Vinicius Teixeira é especialista com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, atuando com foco em soluções estratégicas para câmbio, crédito estruturado e inteligência financeira para empresas. Ao longo da carreira, ajudou centenas de negócios a tomarem decisões mais inteligentes e rentáveis, sempre com uma abordagem analítica, consultiva e baseada em dados. Fundador da GX Capital, Vinicius combina sua vivência de mercado com o uso de tecnologias avançadas e inteligência artificial para oferecer uma nova geração de serviços financeiros. É também palestrante, tendo participado de eventos e formações voltadas à educação financeira e à transformação digital no setor. No portal da GX Capital, compartilha sua visão sobre o futuro do mercado, tendências econômicas e estratégias práticas para empresas que querem crescer com eficiência e segurança.