Brand equity e pricing power: como defender margem com juros altos
Indicadores, táticas e um playbook de execução para transformar marca forte em preços sustentáveis e caixa saudável em 2026.

Tempo de leitura: 16 min | Atualizado em: 20 de outubro de 2025
Ciclos de juros altos comprimem consumo, encarecem capital de giro e elevam a exigência de retorno de investidores e credores. Nesse ambiente, empresas com brand equity superior costumam sobreviver melhor: elas sustentam preços, reduzem elasticidade de demanda e financiam-se com mais previsibilidade. Mas “marca forte” não é um rótulo: é um conjunto de ativos mensuráveis (preferência, lembrança, confiança, experiência e distribuição) que convertem em pricing power — capacidade de ajustar preços acima da inflação sem destruir volume nem NPS. Este guia detalha como conectar marketing, operações e finanças para preservar margem em 2026.
Brand equity é o valor econômico criado por atributos intangíveis que fazem o cliente pagar (ou preferir) a sua marca. Na prática, ele aparece em quatro lugares do DRE e do balanço:
Marcas fortes também “compram tempo” em choques de custos. Enquanto concorrentes cortam preço para manter giro, empresas com brand equity elevado usam arquitetura de portfólio e comunicação de valor para defender preço e mix.
Pricing power é a habilidade de sustentar preço real (acima da inflação setorial) sem perda desproporcional de volume e lealdade. Em juros altos, ele vira “escudo” contra três forças: i) custo financeiro maior, ii) consumo mais seletivo, iii) competição por preço. Três sinais mostram se você o possui:
Sem esses sinais, repassar preço vira “toma-lá-dá-cá” de margem por volume — ruim para caixa e rotação de capital de giro.
Com CDI elevado, estoques e contas a receber custam mais. A tentação de promover “liquidações” cresce, mas destruir preço para acelerar caixa pode corroer marca. Uma alternativa é precificação dinâmica por canal, com benefícios não-preço (frete, prazos, serviços) para não ferir o core da marca.
Clientes trocam marcas e formatos. Brand equity bom permite arquitetura de portfólio “escadinha” (boa, melhor, ótima) que mantém o cliente dentro da marca mesmo que ele “desça um degrau”.
O “barato do dia” vira regra; sem plano, o time comercial entra em guerra de desconto. A defesa é política de preços e descontos padronizada, com baixo espaço para acordos ad-hoc.
Com energia, fretes e insumos voláteis, surgem repasses do lado da compra. Marcas relevantes negociam cláusulas de reajuste com bandas e defasagem, preservando previsibilidade.
Mais prêmio de risco: o mercado favorece negócios com cash conversion cycle curto, margem bruta estável e alavancagem controlada — caracteres muitas vezes ligados a marcas fortes.
Esqueça só o “top of mind”. Para conectar com caixa, use três camadas:
A “ponte” é um modelo de elasticidade por categoria/canal que permita simular cenários de preço, mix, mídia e distribuição. Sem isso, discutir preço vira opinião.
Pricing power raramente mora em um único SKU. Ele é construído em arquiteturas de marca e linha que evitam cannibalização ruim e ampliam trade-up (migrar para versões mais rentáveis). Três peças:
Em juros altos, o canal escolhe quem sobrevive. Empresas com brand equity forte têm mais barganha: melhores prateleiras, endcaps, share de carteira no varejo e prioridade de reposição. Para não depender de “cheque em branco”, implemente:
Com menos apetite a gasto, a mensagem deve reduzir ansiedade de preço: benefícios funcionais (durabilidade, economia, desempenho) e prova social (avaliações, cases, garantias). Três táticas de comunicação que reforçam pricing power:
A marca A subiu preço real em 4% e perdeu 0,8% de volume; compensou com serviço premium (instalação, garantia) e financiamento claro. Elasticidade baixa permitiu manter margem bruta e reduzir promoções sazonais.
Portfólio com “faróis de preço” preservados e margem vinda de mix (embalagens e sabores premium) elevou margem de contribuição sem queda de share. Governança de promoções impediu erosão de preço.
Contrato anual com índice de reajuste composto (IPCA + câmbio setorial) e SLA com bônus/malus alinhou preço a valor entregue. Renovações acima de 90% mesmo com juros altos.
Investidores recompensam empresas que demonstram (i) resiliência de margem, (ii) previsibilidade de caixa e (iii) disciplina de capital. O caminho passa por:
Marcas com essa “arquitetura” costumam captar em condições melhores (prazo maior, spread menor) e atravessar ciclos com menos dor.
Depende da elasticidade. Se a marca entrega valor percebido e o reajuste é comunicado com prova e serviço, a queda de volume é pequena — e o caixa melhora. Testes regionais e por canal reduzem risco.
Promoções têm lugar, mas precisam de objetivo financeiro e post-mortem. Use-as para lançar, girar excedente pontual ou defender share, nunca como sustentação.
Construindo modelos de elasticidade, definindo corredores de preço, aprovando verbas de sell-out, e conectando marca a métricas de caixa (CAC/LTV, giro de estoque, margem de contribuição).
Sim — por serviço, disponibilidade, garantia, customização, logística e financiamento. Nem todo prêmio está no produto; muitos estão na experiência.
Preço médio e net price por canal, mix (participação de SKUs premium), margem de contribuição, NPS/CSAT, ruptura, estoque em dias, participação de promoções nas vendas, sell-out do varejo parceiro.
Em juros altos, “sobreviver para investir” é o mantra. Brand equity bem gerido converte-se em pricing power que preserva margem, reduz ansiedade de caixa e melhora o CET do funding. O caminho é técnico: medir elasticidade, arquitetar portfólio, disciplinar descontos, alinhar comunicação ao valor e blindar compras/finanças com contratos e hedge. Empresas que fazem isso atravessam o ciclo vendendo melhor — e saem do outro lado com mais mercado, reputação e acesso a capital.
▶ Simular impacto de câmbio no preço e na margem💠 Calcular CET e comparar fontes de financiamento📊 Simular emissão (debêntures/NP/LC) para reforçar caixa
Brand equity e pricing power em ciclos de juros altos: como proteger margem sem perder volume
Por que falar de pricing power quando os juros sobem
O que é brand equity e como ele vira dinheiro de verdade
Pricing power: a tradução financeira do intangível
Juros altos mudam o jogo: cinco impactos diretos no seu P&L
1) Capital de giro mais caro
2) Cesta do consumidor encolhe
3) Sensibilidade a promoções aumenta
4) Fornecedores repassam custos
5) Investidores exigem resiliência
Como medir brand equity com métricas que o CFO confia
Arquitetura de portfólio: where the magic happens
Poder de canal: distribuição, sortimento e governança comercial
Comunicação que sustenta preço em ambiente “frio”
Playbook para 2026: preserve margem sem matar volume
1) Diagnóstico de elasticidade e price corridors
2) Política de descontos e verbas
3) Mix, sortimento e distribuição
4) Experiência e serviço
5) Finanças e hedge
Casos sintéticos (lições replicáveis)
Bens duráveis com ticket alto
Alimentos e bebidas
Serviços B2B
Erros comuns que destroem pricing power
Como amarrar marca, preço e funding
FAQ (perguntas frequentes)
Subir preço não vai derrubar meu volume?
Posso trocar preço por promoção?
Como o financeiro participa?
Meu segmento é comoditizado. Ainda existe pricing power?
Quais indicadores devo acompanhar mensalmente?
Conclusão: marca forte compra tempo — e tempo compra valor
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