Isenção fiscal na prática: debêntures incentivadas vs. CRI/CRA
Compare debêntures incentivadas e CRI/CRA com foco no líquido: como funciona a isenção de IR, riscos (lastro, garantias, covenants), duration e liquidez.

• Leitura: 16–20 min • Editoria: Crédito Estruturado / GX Explica
Um guia prático e atualizado para comparar as oportunidades e os riscos de debêntures incentivadas e CRI/CRA — como funciona a isenção de IR, onde mora o risco de crédito, como ler duration e garantias, e um passo a passo para escolher o melhor título para o seu objetivo.
Com juros reais ainda altos no Brasil, os papéis isentos de IR para pessoa física ganham destaque. Ao mesmo tempo, 2025 trouxe debates no Congresso sobre mudanças tributárias a partir de 2026 — o que não invalida o racional de diversificar, mas exige entender regra atual e cenários à frente. Este artigo te ajuda a comparar debêntures incentivadas (infraestrutura) com CRI/CRA (imobiliário e agronegócio), para decidir com base em retorno líquido, risco e prazo.
Títulos de dívida emitidos por empresas (geralmente SPEs ou companhias de infraestrutura) para financiar projetos prioritários definidos em norma. Para PF, os rendimentos são isentos de IR (regra vigente), conforme a Lei 12.431/2011. Emissões seguem regulamentação específica e precisam de enquadramento setorial (rodovias, energia, saneamento, logística, etc.).
Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio são instrumentos de securitização: uma companhia securitizadora empacota recebíveis (aluguéis, contratos de compra e venda, CPRs, duplicatas do agro, etc.) e emite títulos lastreados nesses fluxos. Para PF, os rendimentos também são isentos de IR pelas regras atuais.
Importante: “isento” não é sinônimo de “sem risco”. Em ambos os casos, você está exposto a risco de crédito (de quem paga), marcação a mercado (oscilação de preço antes do vencimento) e risco de liquidez.
Regra vigente: rendimentos de debêntures incentivadas (Lei 12.431/2011) e de CRI/CRA para pessoa física são isentos de IR. Essa isenção é o que cria o “gross-up natural”: um cupom isento de 7% a.a. equivale, para comparar com um título tributado a 15% de IR, a 7% ÷ (1 − 0,15) ≈ 8,24% a.a. de taxa bruta equivalente.
Debate 2025 → 2026: propostas no Congresso e uma MP discutiram tributação reduzida (ex.: 5%) para novas emissões a partir de 2026. Houve sinalizações de que títulos emitidos até 31/12/2025 permaneceriam isentos (estoque preservado). Também houve declarações de articulação política para manter a isenção especificamente em debêntures/CRI/CRA e concentrar eventual tributação nas LCI/LCA. Em outras palavras: o tema ainda está em discussão no Legislativo. Ao investir, confirme a data de emissão e acompanhe a regra aplicável ao seu título.
Debêntures incentivadas (IPCA+ ou prefixadas): ótimas para objetivos reais (proteger poder de compra) em 3–10 anos, quando você busca cupom real isento com risco corporativo/projeto conhecido e indústria regulada (energia, saneamento, logística).
CRI/CRA: preferidos para carteiras que buscam taxa isenta “gordinha”, aceitando risco de lastro e estrutura de securitização. Boas estruturas oferecem subordinação, sobrecolateral e garantias que ajudam a proteger a tranche sênior.
Caso A — Debênture incentivada IPCA+ 5,6% a.a. (isenta) vs. Tesouro IPCA+ 5,1% a.a. (15% IR no resgate, prazo > 720 dias). Gross-up: 5,6 ÷ (1 − 0,15) ≈ 6,59% “equivalente bruto”. Diferença atrativa, mas cheque risco (projeto/regulação) e liquidez.
Caso B — CRA sênior CDI+2,5% a.a. (isento) com lastro pulverizado (varejo agro) vs. debênture comum CDI+2,0% (tributada). Além do prêmio isento, a estrutura do CRA oferece subordinação de 15% + overcollateral de 10%. Se o servicer e os gatilhos forem robustos, a CRA pode ser superior. Mas lembre: securitização ≠ risco soberano.
Caso C — CRI de shopping (aluguel) IPCA+6,3% isento vs. FII de shoppings com dividend yield estimado em 9,5% isento: papéis diferentes. O CRI é dívida (fluxo contratual com garantias), o FII é equity imobiliário (renda variável). Compare perfil de risco, não apenas a isenção.
Se os cupons reais de mercado subirem depois que você comprou, o preço do seu papel cai (e vice-versa). Isso não significa “perda” se o plano é carregar até o vencimento — mas mexe no valor da cota se estiver via fundo. Para reduzir sustos, prefira prazos intermediários quando não pretende levar até o fim.
No simulador de Mercado de Capitais, compare indexador + spread, prazos, garantias e taxa líquida estimada por emissão — e veja o que faz mais sentido para seus objetivos.
Isenção fiscal na prática: debêntures incentivadas vs. CRI/CRA
Por que falar disso agora
O que são — e o que NÃO são
Debêntures incentivadas
CRI/CRA
Isenção de IR hoje — e o que se discute para 2026
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Onde mora o risco (por tipo de papel)
Debêntures incentivadas
CRI/CRA
Quando cada um faz mais sentido
Passo a passo para escolher (sem cair em pegadinhas)
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Marcação a mercado e duration (para não se assustar no meio do caminho)
Liquidez, taxas e custos
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Compare o líquido — e escolha com mais segurança
Qual é a Sua Reação?






