Onde investem os super-ricos em 2025

Onde investem os super-ricos em 2025: cautela com EUA, mais emergentes, peso de alternativos (PE/real estate/hedge) e um toque tático de cripto nas carteiras.

Sep 22, 2025 - 11:24
Sep 22, 2025 - 11:30
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Onde investem os super-ricos em 2025
Onde investem os super ricos em 2025

Onde investem os super-ricos em 2025: mais emergentes, cautela com EUA e um “toque” de cripto

Tempo de leitura: 12 min  |  Atualizado em: 22 set 2025

Por que olhar para as carteiras dos super-ricos

Investidores com ultra high net worth (UHNWIs) e family offices costumam investir com horizontes longos, acesso amplo a informação e estruturas de governança que permitem movimentos rápidos. Entender o que muda nas alocações desse grupo ajuda qualquer investidor a calibrar risco, timing e diversificação. Em 2025, o recado é claro: cautela com Estados Unidos no curtíssimo prazo, mais emergentes e alternativos relevantes — com um “toque” de cripto em percentuais pequenos e táticos.

Como está a “foto” da alocação em 2025

O retrato agregado de casas que atendem super-ricos mostra que, apesar do ruído macro, as carteiras-tipo seguem parecidas com 2024: ações listadas permanecem como principal classe (~27% da alocação média), seguidas por renda fixa (~15%) e caixa e equivalentes (~13%). Em seguida aparecem imóveis diretos (~12%), fundos de private equity (~9%) e investimentos diretos em negócios (co-investimentos).

A “novidade” de 2025 é menos entusiasmo com EUA no curtíssimo prazo, maior apetite por emergentes selecionados e uma pequena fatia em cripto nas carteiras mais arrojadas. Relatórios globais também reforçam o quadro: leve aumento de ações e caixa, redução de renda fixa longa e uso constante de alternativos para descorrelação.

Entre redes de UHNWIs, levantamentos de grupos de investidores privados indicam private equity e real estate na liderança (≈25–30% cada), equities públicas (~24%) e cripto em 1–3% do patrimônio agregado — sinal de que o uso de cripto é, em geral, tático e minoritário.

Três ideias-força por trás das escolhas

1) Menos complacência com EUA no curtíssimo prazo

O ciclo de resultados robustos nos EUA convive com valuation caro e incertezas (política fiscal, tarifas, eleições). Para parte dos super-ricos, isso pede menos beta em “Big Tech” e mais alpha via gestores ativos ou temáticos de qualidade, enquanto uma parcela do risco direcional migra a emergentes que negociam com desconto e têm drivers idiossincráticos (Índia, Indonésia, México e Brasil).

2) Emergentes selecionados e “friend-shoring”

A reconfiguração de cadeias produtivas (near/friend-shoring) abre espaço para países que capturam investimento direto e reformas pró-crescimento. Family offices sinalizam aumento de exposição a América do Norte e Ásia-Pacífico — com parte relevante dessa Ásia em economias emergentes.

3) Alternativos como pilar de retorno

A “trindade” dos alternativos — private equity, imobiliário e hedge funds — continua central. A média de family offices globais aloca ~40–50% em alternativos e ~25–30% em ações listadas, com viés crescente para deals diretos e co-investments. A tese: reduzir correlação, buscar prêmio de iliquidez e capturar temas estruturais (transição energética, digitalização, logística).

Cripto no portfólio dos super-ricos: por que entra pouco — e como entra

Mesmo após a institucionalização de ETFs e soluções de custódia, cripto segue minoria nas carteiras UHNW. O peso típico raramente passa de 1–3%, concentrado em Bitcoin (tese de “reserva digital”) e, em menor escala, em veículos regulados (ETFs/fechados). Em family offices com mandato de inovação, aparece parcela pequena em infra-cripto e venture de Web3 — quase sempre sob limites rígidos de risco.

Imobiliário privado: seleção cirúrgica em um ciclo de juros altos

Apesar do vento de frente (juros altos, reprecificação de escritórios), UHNWIs continuam vendo valor em logística, data centers e residencial para renda. A intenção declarada é elevar a exposição em 12–18 meses, com foco em ativos operacionais e infraestrutura social.

Como traduzir a estratégia UHNW para uma carteira “real”

  1. Comece pelo desenho tático: defina pesos (ex.: 25–35% ações globais com blend EUA + emergentes; 20–30% fixed income grau de investimento; 20–40% alternativos conforme liquidez; 5–10% caixa).
  2. Alternativos com disciplina: PE/VC via gestoras consolidadas e janelas de secondary; imobiliário com governança; hedge funds de descorrelação (macro, relative value, trend).
  3. Caixa como opção: serve para aproveitar dislocações (follow-ons, secundários, distress) — prática comum em family offices.
  4. Emergentes com critério: priorize países com reformas, fluxo de FDI e impulso demográfico; combine ETFs de fator (qualidade, low vol) com gestores locais.
  5. Cripto em doses homeopáticas: 0–3% por perfil; priorize veículos regulados e custódia institucional; use regras de rebalanceamento e stop-loss.

Riscos que os super-ricos observam (e você deveria também)

  • Geopolítica (conflitos, tarifas e eleições) — principal preocupação reportada por family offices.
  • Trajetória de juros globais — cortes do Fed mais lentos mudam prêmio de risco e paridade de moedas; afetam valuation de growth.
  • Liquidez em alternativosdenominator effect e safras ruins podem exigir secondaries a desconto; diversifique vintages.
  • Imobiliário comercial — ainda “procurando o piso” em algumas geografias; prefira segmentos operacionais (logística, living, data centers).

Perguntas frequentes (FAQ SEO)

Qual é a “carteira média” de um super-rico hoje?

Não existe padrão único, mas levantamentos recentes apontam ações listadas ~25–30%, renda fixa ~15–25%, caixa ~10–15% e alternativos ~30–45% (PE/VC, imóveis e hedge funds).

Por que eles mantêm caixa alto?

Porque caixa é opção — permite comprar ativos descontados rapidamente, sem vender posições. Há tendência de reduzir “excesso de caixa”, mas manter um colchão tático.

Quanto de cripto faz sentido?

Para UHNWIs, tipicamente 0–3% do patrimônio, via veículos regulados e custódia institucional; acima disso é exceção e exige governança robusta.

Emergentes substituem EUA?

Não. A leitura de 2025 é rebalancear, não abandonar. EUA seguem núcleo das carteiras, mas com maior discriminação setorial e uso de gestores ativos; emergentes capturam descontos e tendências de friend-shoring.

Conclusão: como pensar como um family office — mesmo sem ser um

A pauta de 2025 combina prudência tática (menos complacência com EUA), diversificação geográfica (mais emergentes), pilares em alternativos e gestão ativa de liquidez. Para o investidor sofisticado brasileiro, o “playbook” dos super-ricos é replicável em escala: mandato claro, governança, regras de rebalanceamento e gestores especializados. O objetivo não é copiar linha por linha, e sim adotar a lógica que sustenta carteiras resilientes em ciclos longos.

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Fontes

  • Levantamentos e entrevistas com gestoras e family offices que atendem UHNWIs (2025).
  • Relatórios anuais globais de bancos e consultorias de patrimônio (UBS, Capgemini, Knight Frank, Citi).
  • Dados agregados de alocação de redes privadas de investidores (TIGER 21 e similares).

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Vinicius Teixeira Vinicius Teixeira é especialista com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, atuando com foco em soluções estratégicas para câmbio, crédito estruturado e inteligência financeira para empresas. Ao longo da carreira, ajudou centenas de negócios a tomarem decisões mais inteligentes e rentáveis, sempre com uma abordagem analítica, consultiva e baseada em dados. Fundador da GX Capital, Vinicius combina sua vivência de mercado com o uso de tecnologias avançadas e inteligência artificial para oferecer uma nova geração de serviços financeiros. É também palestrante, tendo participado de eventos e formações voltadas à educação financeira e à transformação digital no setor. No portal da GX Capital, compartilha sua visão sobre o futuro do mercado, tendências econômicas e estratégias práticas para empresas que querem crescer com eficiência e segurança.