Ataque hacker ao Pix: análise completa e lições de segurança

Hackers desviam R$ 800 mi via C&M Software, provedor do Pix. Saiba como o golpe ocorreu, impactos e boas práticas para proteger sua empresa.

Jul 3, 2025 - 16:56
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Ataque hacker ao Pix: análise completa e lições de segurança
Ataque hacker ao Pix: análise completa e lições de segurança

O maior ataque hacker ao Pix: entenda como R$ 800 milhões foram desviados e o que sua empresa deve fazer agora

Tempo de leitura: 11 min ;Atualizado em: 03 jul 2025

1. O que aconteceu?

Na madrugada de 25 para 26 de junho, um grupo de hackers invadiu a C&M Software, empresa de infraestrutura que conecta bancos e fintechs ao Sistema de Pagamentos Instantâneos (Pix) e ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Usando as credenciais da companhia, os criminosos acessaram contas reservas de pelo menos seis instituições financeiras e desviaram mais de R$ 800 milhões em minutos – possivelmente ultrapassando R$ 1 bilhão à medida que novas perdas são contabilizadas :contentReference[oaicite:0]{index=0}.

O Banco Central, a Polícia Federal e a Polícia Civil de São Paulo abriram inquérito. Embora não haja evidências de exposição de dados de usuários finais, o episódio já é considerado o maior cibercrime financeiro da história do país :contentReference[oaicite:1]{index=1}.

2. Linha do tempo do ataque

Data Evento
25/06 · 22h Invasão à rede da C&M; instalação de malware para captura de chaves de assinatura.
26/06 · 0–2h Geração de ordens de débito nas contas reservas de 6 bancos; recursos migrados para contas laranjas.
26/06 · 5h Instituições detectam movimentação atípica; alertam Banco Central.
26/06 · 9h BC suspende conectividade da C&M Software ao SPI (infraestrutura do Pix).
26/06 · 18h Empresa publica nota reconhecendo “incidente de segurança” e cooperação com autoridades.

3. Quem é a C&M Software e por que ela é crítica?

Fundada em 1991, a C&M fornece gateways que fazem a ponte entre sistemas internos de bancos e o núcleo do BC. Na prática, ela é o “fio” que leva ordens de crédito e débito para o Pix, TED, DOC e boletos. Se o fio é comprometido, o invasor ganha um atalho para autorizar transações em nome das instituições clientes.

Pela regulamentação, cada banco é responsável pela segurança, inclusive quando terceiriza. O episódio reacende o debate sobre risco de concentração: um único provedor virou ponto de falha para múltiplas instituições.

4. Possíveis vetores de ataque (hipóteses em investigação)

  • Phishing corporativo – e-mail falso coletou credenciais de administrador.
  • Exploração de VPN – vulnerabilidade em acesso remoto expôs chave de API.
  • Comprometimento de MFA – token SMS ou push interceptado por SIM swap.
  • Escalada lateral – após acesso inicial, invasor capturou certificados de assinatura no servidor HSM.

*Confirmaremos o vetor definitivo após laudo forense do BC e PF.

5. Impacto financeiro e reputacional

• Prejuízo estimado: R$ 800 mi a R$ 1 bi (em liquidação).
• Seis instituições afetadas – duas identificadas até agora: BMP Bank e Credsystem.
• Custos adicionais: multas regulamentares, indenização a clientes, custos de forensics e reforço de segurança.
• Reputação: questionamentos sobre a resiliência do Pix, embora o núcleo do BC não tenha sido violado.

6. Lições de cibersegurança para instituições e empresas

6.1 Zero Trust não é opcional

A premissa de “rede confiável” morreu. Cada requisição deve ser autenticada, criptografada e monitorada.

6.2 Gestão de terceiros

Bancos e grandes corporates precisam auditar provedores críticos, exigir pen tests semestrais e relatórios SOC 2/ISO 27001.

6.3 Segmentação de chaves

Certificados de assinatura devem ficar em HSM isolado com MPC: chave nunca existe completa em um único lugar.

6.4 Deteção em tempo real

SIEM com regras de comportamento anômalo (ex.: transferência fora de horário, valor acima do percentil) poderiam ter estancado fraudes em minutos, não horas.

7. Recomendações práticas da GX Capital

  1. Revisão de limitadores Pix – reduza teto noturno e ative aprovação dupla para valores > R$ 50 k.
  2. Seguro cibernético – renegocie cláusulas que cubram ataques indiretos via terceiros.
  3. Redundância de provedor SPI – avalie conexão dual home com outro gateway.
  4. Planos de resposta – inclua table-top exercises focados em fraude sistêmica.

8. Perguntas frequentes

Meu dinheiro no banco está em risco?
Até o momento, apenas contas de liquidação internas foram afetadas. Saldos de clientes finais permanecem íntegros segundo o BC.
O Pix ficou inseguro?
O núcleo do Pix não foi violado. O problema foi a autenticação do provedor terceirizado. Mas o incidente mostra a importância de camadas extras de verificação.
Posso reverter um Pix fraudulento?
Há o Mecanismo Especial de Devolução (MED). Porém, se fundos já foram sacados, a recuperação depende de ação policial e rastreamento.

9. Conclusão

O megavazamento financeiro via C&M Software não é uma falha do Pix em si, mas um alerta contundente sobre a cadeia de confiança digital. Em tempos de juros altos e margens comprimidas, perder milhões por falha de segurança pode ser fatal. Instituições e empresas que investirem agora em zero trust, segmentação de chaves e monitoramento em tempo real sairão na frente – não apenas no quesito segurança, mas em credibilidade perante clientes e reguladores.

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Referências

  1. IDEM :contentReference[oaicite:2]{index=2} – InfoMoney, “Ataque hacker afeta infraestrutura de empresa ligada ao Pix; prejuízo supera R$ 800 mi”, 30 jun 2025.
  2. IDEM :contentReference[oaicite:3]{index=3} – InfoMoney, “O que se sabe até agora sobre o maior cibercrime financeiro já registrado no Brasil”, 30 jun 2025.

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Vinicius Teixeira Vinicius Teixeira é especialista com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, atuando com foco em soluções estratégicas para câmbio, crédito estruturado e inteligência financeira para empresas. Ao longo da carreira, ajudou centenas de negócios a tomarem decisões mais inteligentes e rentáveis, sempre com uma abordagem analítica, consultiva e baseada em dados. Fundador da GX Capital, Vinicius combina sua vivência de mercado com o uso de tecnologias avançadas e inteligência artificial para oferecer uma nova geração de serviços financeiros. É também palestrante, tendo participado de eventos e formações voltadas à educação financeira e à transformação digital no setor. No portal da GX Capital, compartilha sua visão sobre o futuro do mercado, tendências econômicas e estratégias práticas para empresas que querem crescer com eficiência e segurança.