Tarifaço dos EUA sobre importações brasileiras: o que muda na economia e quais produtos escaparam das novas taxas
EUA impõem tarifas de até 50 % sobre aço, alumínio e carnes brasileiras, mas poupam suco e insumos essenciais. Veja impactos no PIB, dólar e estratégias de defesa.

Tarifaço de 50 % dos EUA: o que realmente muda para as exportações brasileiras — e quais produtos escaparam
Tempo de leitura: 11 min | Atualizado em: 31 jul 2025
1. Resumo em duas linhas
Em 30/07/2025, o presidente Donald Trump elevou de 10 % para 50 % a tarifa sobre importações brasileiras, mas cerca de 700 produtos (43,4 % do valor exportado) foram poupados, incluindo aviões, suco de laranja, petróleo e minérios
2. O que diz a ordem executiva norte-americana?
- Data de assinatura: 30 jul 2025 (publicada no Federal Register)
- Vigência: 6 ago 2025, sete dias após a publicação :
- Alíquota adicional: +40 p.p., elevando a tarifa total para 50 % em quase todas as posições tarifárias brasileiras
- Motivo alegado: “medidas do governo brasileiro que ameaçam interesses econômicos e de liberdade de expressão de cidadãos norte-americanos”
3. Quais setores sentirão o maior impacto?
Setor | Vendas aos EUA 2024 (US$ bi) | Nova tarifa |
---|---|---|
Carnes bovina, suína e de frango (in natura e processadas) | 3,7 | 50 % |
Café verde e torrado | 1,5 | 50 % |
Roupas e têxteis | 0,9 | 50 % |
Frutas tropicais (manga, uva, melão) | 0,6 | 50 % |
Fontes: ComexStat 2024; análise GX Capital.
4. Cinco grupos de produtos isentos
- Aviação civil: aeronaves Embraer, motores e 565 sub-itens de peças .
- Suco de laranja e polpa cítrica: todo o código 20.09 do HS .
- Petróleo cru e combustíveis: 38 sub-itens, inclusive querosene de aviação .
- Minérios e metais estratégicos: minério de ferro, niobium, ferro-liga e ouro .
- Celulose e polpa de madeira: principais NCMs de Suzano e Klabin .
Segundo a Amcham Brasil, as exceções representam US$ 18,4 bi, ou 43,4 % das exportações brasileiras aos EUA em 2024
5. Efeitos previstos na economia brasileira
5.1 PIB e balança comercial
Se não houver redirecionamento, o PIB de 2026 pode perder 0,2 p.p. e o superávit comercial encolher em US$ 3,4 bi
5.2 Câmbio e preços internos
Analistas veem depreciação de 2 %–3 % do real no curto prazo, acrescentando apenas +0,15 p.p. ao IPCA, pois itens tarifados têm peso limitado na cesta de consumo 5.3 Emprego setorial
Siderurgia, carnes processadas e têxteis podem cortar até 12 mil postos caso o mercado americano não seja rapidamente substituído
6. O que as empresas devem fazer agora
- Redirecionar vendas para Ásia e Oriente Médio, onde demanda por proteína e aço segue forte.
- Nearshoring no México ou América Central, aproveitando TMEC/CAFTA e evitando a tarifa dos EUA .
- Hedear câmbio via NDFs ou collars entre R$ 5,40 – 6,10.
- Pressionar por isenções adicionais com Itamaraty e USTR, especialmente para carne “grain-fed” e café premium.
7. Perguntas frequentes
- Quando as tarifas entram em vigor?
- 6 de agosto de 2025
- As exceções podem ser revistas?
- Sim. A ordem executiva prevê revisão em 12 meses e auditoria trimestral de “interesse nacional”
- O Itamaraty estuda sobretaxar destilados e jet-skis; decisão depende de consultas à OMC
- O aço está ou não na lista de exceções?
- As tarifas globais de 50 % sobre aço impostas em junho já cobrem o produto; por isso, ele ficou isento do aumento adicional de 40 p.p.
8. Conclusão: choque limitado, mas atenção redobrada
O novo tarifaço atinge mais da metade da pauta brasileira, porém as exceções estratégicas (aviões, suco, petróleo, minérios) amortecem o golpe. Ainda assim, setores como café, carnes e têxteis precisarão de rápida diversificação de destinos para evitar perda de receita e empregos. A GX Capital continuará acompanhando as negociações em Washington e Brasília para oferecer cenários cambiais e soluções de hedge em tempo real.
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