STF congela disputa do IOF e convoca conciliação — análise GX Capital

Moraes suspende aumento do IOF e veto do Congresso; audiência em 15/7 define futuro do imposto. Veja impactos fiscais, políticos e nas taxas de crédito.

Jul 4, 2025 - 16:28
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STF congela disputa do IOF e convoca conciliação — análise GX Capital
STF congela disputa do IOF

Moraes suspende atos sobre IOF e chama governo e Congresso à mesa — entenda o que muda

Tempo de leitura: 10 min; Atualizado em: 04 jul 2025

1. O que aconteceu?

Na manhã desta sexta-feira (4/7), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu simultaneamente o decreto do Executivo que elevava o IOF e a resolução do Congresso que havia derrubado esse mesmo aumento. Em vez de decidir no mérito, Moraes convocou uma audiência de conciliação entre governo federal e Parlamento para 15 de julho, dando cinco dias para os dois Poderes enviarem esclarecimentos.:contentReference[oaicite:0]{index=0}

A decisão congela a disputa política, mantém o IOF no patamar anterior (0,38 % para crédito PJ) e abre espaço para um acordo que evite nova escalada institucional.

2. Linha do tempo da crise do IOF

Data Evento
20 mai 25 Governo publica decreto elevando IOF para 0,95 % em crédito PJ e dobra alíquota no câmbio.
25 jun 25 Câmara e Senado aprovam PDL anulando o aumento.:contentReference[oaicite:1]{index=1}
27 jun 25 AGU aciona STF alegando invasão de competência do Executivo.
04 jul 25 Moraes suspende ambos os atos, convoca conciliação e dá prazo de 5 dias para manifestações.:contentReference[oaicite:2]{index=2}
15 jul 25 Data agendada para audiência no STF.

3. O que fica valendo até 15 de julho?

  • IOF crédito PJ: 0,38 % (alíquota original).
  • IOF câmbio pronto: 1,1 % (sem alta dobrada).
  • IOF em risk-sacado: segue apenas alíquota diária de 0,0082 %.
  • Fundos de previdência e FIDC primário: permanecem isentos.

Ou seja, na prática a decisão preserva a vitória do Congresso, mas suspende a eficácia formal “para esfriar” o conflito.:contentReference[oaicite:3]{index=3}

4. Por que Moraes interveio?

Na liminar de 16 páginas, o ministro destacou o “indesejável embate institucional” e citou três fundamentos:

  1. Potencial violação ao art. 49 da Constituição (competência do Congresso para sustar atos do Executivo) — precisa ser interpretado à luz do equilíbrio entre poderes.
  2. Risco fiscal e jurídico da gangorra tributária — avanço/recuo de impostos prejudica segurança jurídica.
  3. Precedente de mediação: o STF vem atuando como “hub” de conciliações (caso das vacinas, piso da enfermagem).

A mediação, na visão do STF, busca evitar que a alta de impostos volte “pela porta dos fundos” e assegura debate transparente.:contentReference[oaicite:4]{index=4}

5. Reações imediatas

5.1 Executivo

O ministro Fernando Haddad classificou a decisão como “ótima para o país”, pois abre canal de diálogo e mantém viva a pauta de receitas para fechar o orçamento de 2026.:contentReference[oaicite:5]{index=5}

5.2 Legislativo

Líderes do Congresso afirmam que defenderão a prerrogativa de sustar decretos “flagrantemente abusivos”. Para o presidente da Câmara, Hugo Motta, a suspensão preserva o contribuinte até que se encontre solução “de consenso e responsabilidade”.:contentReference[oaicite:6]{index=6}

5.3 Mercado

DI curtos recuaram 7 bps; dólar manteve-se em R$ 5,58. A leitura é de que a taxação não voltará tão cedo, mas o impasse fiscal continua.

6. Impactos fiscais e no custo de capital

  • Buraco de R$ 10 bi na arrecadação permanece — pressiona meta de superávit e pode exigir contingenciamento.
  • Curva de juros longa carrega prêmio de 30 bps pela incerteza — eleva CET em capital de giro indexado ao CDI.
  • Planejamento tributário de bancos e fintechs fica em stand-by, aguardando decisão final.
  • Risco regulatório reforça demanda por hedge cambial, elevando volatilidade implícita do USDBRL.

7. Cenários para depois da audiência de 15/7

Cenário A (40 %) – Acordo parcial

IOF sobe menos (ex.: 0,55 %) e vigora só em 2026; Congresso recebe contrapartida de corte de gastos discricionários.

Cenário B (35 %) – Manutenção do veto

Tributo não sobe, governo busca outras fontes (bets, dividendos) ou revisa meta fiscal.

Cenário C (25 %) – STF decide pró-Executivo

IOF em 0,95 % volta imediatamente; mercado reprecifica juros, dólar sobe para R$ 5,80.

8. Estratégias recomendadas pela GX Capital

  1. Trave linhas de crédito antes de 15/7; spreads podem subir se cenário C se concretizar.
  2. Reforce caixa em LCA/LFT para aproveitar CDI alto sem risco de IOF.
  3. Dolarize custos futuros com NDFs escalonados (25 % trimestres consecutivos) — protege contra volatilidade pós-STF.
  4. Mapeie elasticidade de preços — um IOF maior pode recair sobre clientes via juros; prepare plano de repasse.

9. Perguntas frequentes

O IOF vai subir de novo agora?
Não até, pelo menos, a audiência de 15/7. Qualquer mudança dependerá de acordo ou decisão final do STF.
Minha empresa pode pedir restituição do IOF pago?
Como o aumento nunca entrou em vigor de fato, não há valores a serem restituídos.
E se o STF der vitória total ao Executivo?
Alíquota voltaria imediato; contratos assinados depois da decisão pagariam o novo percentual.

10. Conclusão

A intervenção do STF cria “tempo extra” para pacto fiscal, mas mantém empresas em estado de alerta. Enquanto o governo insiste em arrecadar sem cortar, e o Congresso defende o contribuinte para não perder capital político, cabe ao setor produtivo blindar caixa, diversificar funding e calibrar preços. A GX Capital segue monitorando cada dobradiça dessa história para fornecer cenários e simuladores em tempo real.

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Referências

  1. InfoMoney, “Moraes suspende atos sobre IOF e convoca conciliação entre governo e Congresso”, 
  2. CNN Brasil, “IOF: Moraes suspende atos do governo e do Congresso e convoca conciliação”, 
  3. Agência Brasil, “STF marca audiência de conciliação sobre IOF”, 4 jul 2025. 
  4. Reuters, “Supreme Court to mediate IOF row”, 4 jul 2025.
  5. CNN Brasil, “Parlamentares repercutem decisão de Moraes”, 4 jul 2025.
  6. CNN Brasil, “Haddad diz que decisão é ótima para o país”, 4 jul 2025.

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Vinicius Teixeira Vinicius Teixeira é especialista com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, atuando com foco em soluções estratégicas para câmbio, crédito estruturado e inteligência financeira para empresas. Ao longo da carreira, ajudou centenas de negócios a tomarem decisões mais inteligentes e rentáveis, sempre com uma abordagem analítica, consultiva e baseada em dados. Fundador da GX Capital, Vinicius combina sua vivência de mercado com o uso de tecnologias avançadas e inteligência artificial para oferecer uma nova geração de serviços financeiros. É também palestrante, tendo participado de eventos e formações voltadas à educação financeira e à transformação digital no setor. No portal da GX Capital, compartilha sua visão sobre o futuro do mercado, tendências econômicas e estratégias práticas para empresas que querem crescer com eficiência e segurança.