STF congela disputa do IOF e convoca conciliação — análise GX Capital
Moraes suspende aumento do IOF e veto do Congresso; audiência em 15/7 define futuro do imposto. Veja impactos fiscais, políticos e nas taxas de crédito.

Moraes suspende atos sobre IOF e chama governo e Congresso à mesa — entenda o que muda
Tempo de leitura: 10 min; Atualizado em: 04 jul 2025
1. O que aconteceu?
Na manhã desta sexta-feira (4/7), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu simultaneamente o decreto do Executivo que elevava o IOF e a resolução do Congresso que havia derrubado esse mesmo aumento. Em vez de decidir no mérito, Moraes convocou uma audiência de conciliação entre governo federal e Parlamento para 15 de julho, dando cinco dias para os dois Poderes enviarem esclarecimentos.:contentReference[oaicite:0]{index=0}
A decisão congela a disputa política, mantém o IOF no patamar anterior (0,38 % para crédito PJ) e abre espaço para um acordo que evite nova escalada institucional.
2. Linha do tempo da crise do IOF
Data | Evento |
---|---|
20 mai 25 | Governo publica decreto elevando IOF para 0,95 % em crédito PJ e dobra alíquota no câmbio. |
25 jun 25 | Câmara e Senado aprovam PDL anulando o aumento.:contentReference[oaicite:1]{index=1} |
27 jun 25 | AGU aciona STF alegando invasão de competência do Executivo. |
04 jul 25 | Moraes suspende ambos os atos, convoca conciliação e dá prazo de 5 dias para manifestações.:contentReference[oaicite:2]{index=2} |
15 jul 25 | Data agendada para audiência no STF. |
3. O que fica valendo até 15 de julho?
- IOF crédito PJ: 0,38 % (alíquota original).
- IOF câmbio pronto: 1,1 % (sem alta dobrada).
- IOF em risk-sacado: segue apenas alíquota diária de 0,0082 %.
- Fundos de previdência e FIDC primário: permanecem isentos.
Ou seja, na prática a decisão preserva a vitória do Congresso, mas suspende a eficácia formal “para esfriar” o conflito.:contentReference[oaicite:3]{index=3}
4. Por que Moraes interveio?
Na liminar de 16 páginas, o ministro destacou o “indesejável embate institucional” e citou três fundamentos:
- Potencial violação ao art. 49 da Constituição (competência do Congresso para sustar atos do Executivo) — precisa ser interpretado à luz do equilíbrio entre poderes.
- Risco fiscal e jurídico da gangorra tributária — avanço/recuo de impostos prejudica segurança jurídica.
- Precedente de mediação: o STF vem atuando como “hub” de conciliações (caso das vacinas, piso da enfermagem).
A mediação, na visão do STF, busca evitar que a alta de impostos volte “pela porta dos fundos” e assegura debate transparente.:contentReference[oaicite:4]{index=4}
5. Reações imediatas
5.1 Executivo
O ministro Fernando Haddad classificou a decisão como “ótima para o país”, pois abre canal de diálogo e mantém viva a pauta de receitas para fechar o orçamento de 2026.:contentReference[oaicite:5]{index=5}
5.2 Legislativo
Líderes do Congresso afirmam que defenderão a prerrogativa de sustar decretos “flagrantemente abusivos”. Para o presidente da Câmara, Hugo Motta, a suspensão preserva o contribuinte até que se encontre solução “de consenso e responsabilidade”.:contentReference[oaicite:6]{index=6}
5.3 Mercado
DI curtos recuaram 7 bps; dólar manteve-se em R$ 5,58. A leitura é de que a taxação não voltará tão cedo, mas o impasse fiscal continua.
6. Impactos fiscais e no custo de capital
- Buraco de R$ 10 bi na arrecadação permanece — pressiona meta de superávit e pode exigir contingenciamento.
- Curva de juros longa carrega prêmio de 30 bps pela incerteza — eleva CET em capital de giro indexado ao CDI.
- Planejamento tributário de bancos e fintechs fica em stand-by, aguardando decisão final.
- Risco regulatório reforça demanda por hedge cambial, elevando volatilidade implícita do USDBRL.
7. Cenários para depois da audiência de 15/7
Cenário A (40 %) – Acordo parcial
IOF sobe menos (ex.: 0,55 %) e vigora só em 2026; Congresso recebe contrapartida de corte de gastos discricionários.
Cenário B (35 %) – Manutenção do veto
Tributo não sobe, governo busca outras fontes (bets, dividendos) ou revisa meta fiscal.
Cenário C (25 %) – STF decide pró-Executivo
IOF em 0,95 % volta imediatamente; mercado reprecifica juros, dólar sobe para R$ 5,80.
8. Estratégias recomendadas pela GX Capital
- Trave linhas de crédito antes de 15/7; spreads podem subir se cenário C se concretizar.
- Reforce caixa em LCA/LFT para aproveitar CDI alto sem risco de IOF.
- Dolarize custos futuros com NDFs escalonados (25 % trimestres consecutivos) — protege contra volatilidade pós-STF.
- Mapeie elasticidade de preços — um IOF maior pode recair sobre clientes via juros; prepare plano de repasse.
9. Perguntas frequentes
- O IOF vai subir de novo agora?
- Não até, pelo menos, a audiência de 15/7. Qualquer mudança dependerá de acordo ou decisão final do STF.
- Minha empresa pode pedir restituição do IOF pago?
- Como o aumento nunca entrou em vigor de fato, não há valores a serem restituídos.
- E se o STF der vitória total ao Executivo?
- Alíquota voltaria imediato; contratos assinados depois da decisão pagariam o novo percentual.
10. Conclusão
A intervenção do STF cria “tempo extra” para pacto fiscal, mas mantém empresas em estado de alerta. Enquanto o governo insiste em arrecadar sem cortar, e o Congresso defende o contribuinte para não perder capital político, cabe ao setor produtivo blindar caixa, diversificar funding e calibrar preços. A GX Capital segue monitorando cada dobradiça dessa história para fornecer cenários e simuladores em tempo real.
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